Deus me deu este lugar
onde moram três pessoas,
eu, que vivo a divagar,
e duas mulheres boas:
minha neta, que é um mimo,
minha mulher – uma santa,
eu faço versos e rimo,
e assim a paz nos encanta.
Mas a casa, vez em quando,
e quando menos se espera,
abre a porta e entra um bando
como aves da primavera.
Entram meus filhos, tão bons!
E, às algazarras, os netos.
comemos bolos, bombons
fazemos novos projetos.
E assim, vou passando a vida,
como quem crê, quem confia
no Deus que me dá guarida,
e me dá sempre um BOM DIA.
A PORÇÃO QUE BASTA
A língua cálida do sol lambe meu quarto
Quando desperta alegre a luz clara do dia,
Refeito do cansaço eu me levanto e parto
Para o trabalho diário – a santa correria;
Tomo um gostoso banho numa ducha fria,
Confesso minhas ânsias, com Deus as reparto;
Barbeio-me ao espelho e canto de alegria,
Pois na mesa me espera um café bom e farto.
Quanta ventura eu tenho!... Quanta! E quanta graça!...
O café da manhã... A ducha fria... Um teto...
Na mesa muitos pratos, e o meu predileto!
Mas em volta de mim... Quanta gente que passa
Pedindo servilmente um pedaço de pão!...
E olhe que a todos Deus deu a mesma porção!
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