quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

DOIS MIL E DOZE

Dois mil e doze vai se aproximando,
Receoso, talvez, do que lhe espera,
Dar fim a tanta droga! Ah, quem lhe dera!
E prender de uma vez quem está roubando.

Tarefa ingente sob o seu comando,
Tempo tão curto para tanta espera,
Enorme corrupção que prepondera,
E essa pobreza ínfima grassando.

Reveste-te, ANO NOVO, de poder!
De onde quer que tu venhas, venhas rei,
Trazendo um velho lema contundente

Que clama: ser, é bem melhor que ter,
E todos são iguais perante a lei,
E merecem viver honradamente!
14/12/2011

sábado, 3 de dezembro de 2011

PEDIDO EXTREMO

Eu vou pedir a Deus neste Natal,
Que sobre os homens maus, estenda a mão,
Opere a sua graça divinal,
Derrame a benção da transformação.

Que, de Jesus, aquela dor crucial,
Abra-lhes n’alma o dom da compaixão,
E que eles possam ver um mundo ideal,
Olhando o semelhante como irmão.

Transforma em barro, o’ Deus, corações duros!
O mundo todo, o’ Pai, anda em apuros,
Querendo se salvar, buscando atalho!

Peço-te, o’ Pai, se não bastar a cruz,
E a bondade infinita de Jesus,
Coloca-os na bigorna e usa o malho.
2/12/2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CANTO, RIO E CHORO

O meu verso não tem erudição,
Porque o sinto, talvez, mais do que o penso,
Pois sai sempre ao arroubo da emoção,
E muito pouco de um pensar intenso.

Também me falta um cabedal imenso,
Que eu possa usar, não tenho a pretensão,
Valho-me apenas d’alma, e me convenço
Que a fonte do meu verso é o coração.

Às vezes choro quando um verso canto,
Quando sai triste ele me leva ao pranto...
Quanto me alegra, quando sai sonoro!

Ouvir, sentir que está fazendo bem
Dentro de mim, é tudo que convém.
E é por isso que canto, rio e choro.
27/11/2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

UM BELO SONHO!

A cântaros chove agora,
Eu vou dormir, sinto frio,
E nada a fazer por ora,
Meu verso também dormiu.

E enquanto meu verso dorme,
Talvez eu possa sonhar,
Vai ser um prazer enorme,
Se no meu sonho eu voar.

Sentir a terra passando
Por debaixo dos meus pés,
E nas nuvens cavalgando
Como se fosse em corcéis;

Perceber o céu se abrindo,
E àquela porta de luz,
De braços abertos, rindo,
Mandando-me entrar, Jesus.

Uma delícia de sonho,
Daqueles sonhos sem par,
Sendo assim eu me proponho
Dormir, jamais acordar.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

EM TUDO DEUS

Eu não sou exegeta da Escritura,
Mas o que dela sei bastou-me a crer,
Recebi de Jesus a minha cura,
E a passagem pro céu quando eu morrer.

Eu sei que Deus me amou, e me amou tanto,
Que deu seu filho amado em sacrifícios
Para me resgatar do mal, portanto,
Hoje fujo do mal e seus indícios.

Embora aqui e ali ainda tropece,
Hoje é bem diferente do que era,
Pois Deus de pronto me restabelece,
E eu vislumbro de novo a primavera.

A voz de Deus constantemente eu ouço,
Toda vez que a Palavra dEle leio,
Vejo-O no velho, no bebê, no moço,
E em tudo que olho, eu vejo Deus no meio.
21/11/11

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

EU SEI QUEM ME CONHECE

Em minhas mãos foi-me gravada a vida,
Dizem-me renomados quiromantes.
Nas cartas de um baralho é decidida
Essa caminhada pelas cartomantes.

E é, no jogar dos búzios, a partida
Que vai determinar, nalguns instantes,
Toda uma vida que há de ser vivida,
Dizem assim, alguns adivinhantes.

Crendo nos astros, dizem-nos astrólogos,
Que o meu destino lá se faz e tece,
E discorrem discursos e monólogos.

Minha fé é mais simples: pois eu creio
É no filho de Deus, que me conhece,
E meu rumo mudou, já ia a meio.

15/11/2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

VOCÊ, MEU SONHO, MINHA TROVA

GLOSANDO ILZA TOSTES – RJ
RAYMUNDO DE SALLES BRASIL – BA

MOTE:

QUANDO A SONHAR EU ME PONHO
– NAS NOITES DE LUA NOVA –
DE VOCÊ, EU FAÇO O SONHO,
E DO SONHO – FAÇO A TROVA.

GLOSA:

Nas horas de devaneio,
Ou mesmo se estou tristonho,
Retiro o véu do receio,
QUANDO A SONHAR EU ME PONHO.
.

Vôo aos paramos azuis,
Mas não preciso de prova,
Que foi Deus que pôs a luz
– NAS NOITES DE LUA NOVA –

Vejo a noite enluarada,
E esse céu todo risonho,
Sem ter de fazer mais nada
DE VOCÊ, EU FAÇO O SONHO.

Com meu sonho alço outro vôo,
A minh´alma se renova,
Lá de cima um canto entôo,
E DO SONHO – FAÇO A TROVA.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

BOM DIA - 10/11/2011

Meu coração, minha mente,
Não se separam em mim,
Um pensa quando o outro sente,
Trabalham juntos, enfim.

E se acaso um poema eu faço,
A voz de ambos eu ouço,
Sem mente – fica um fracasso,
Sem coração – fica insosso.

Fazendo versos a esmo,
Tiro da mente um padrão,
Que só vira poema, mesmo,
Quando os molho na emoção.

Que não sejam dos melhores,
os versos são como os vinhos,
Ou como certos licores,
Vão viciando aos pouquinhos.

Eu mesmo sou dependente,
E a morrer disso, propício,
Meu coração, minha mente,
Não vivem sem este vício.

sábado, 5 de novembro de 2011

BOM DIA 5/11/2011

Do meu pequeno escritório,
O meu pensamento eu dôo,
Torno-o público e notório,
Rasante que seja o vôo,
e se sai da minha mente,
o faço, sinceramente,
Porque acho que vale a pena,
Se alguém não gosta, perdoa,
Eu não condeno a pessoa
Que me deleta da cena.

Prejuízo não há, de fato.
Por que não compartilhar
O que faço, ou que relato?
Se a mim faz bem, quero dar.
E mando pra muita gente,
Quem sabe um, de repente,
Manda dizer que curtiu...
E eu respondo a cortesia,
Mostrando toda alegria
De um coração que sorriu.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

BOM DIA - 3/11/2011

Nas horas que fico só,
eu me ponho a meditar:
– já que eu vou voltar ao pó,
e minh’alma vai voar,
e, com certeza, pro céu,
pois na bíblia de papel
eu vi escrito esse alvo,
e se Jesus diz, eu creio,
e Ele disse quando veio:
Quem crer em mim será salvo,

vou sempre ficar pedindo
nas horas dos meus cismares,
que quando estiver partindo,
possa levar meus cantares,
e esse dom de fazer verso,
e nesse novo universo,
eu possa cantar melhor,
pra que Deus possa me ouvir,
quem sabe até aplaudir,
os versos que eu sei de cor.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

BOM - 1/11/2011

Se algum dia em minha vida,
eu plantei erva daninha,
Deus colocou herbicida,
e matou cada folhinha.
Raymundo Salles


Cinzas

Murilo Rafael

Partiu-se o sonho esplêndido; não dura
o amor. Só há a fagulha derradeira.
Amar é esquentar-se na fogueira
e, logo após, queimar-se. Á desventura,

acordo. A imagem passa. A noite escura
ficou-me como eterna companheira,
a acalentar a brasa passageira,
lampejo do meu ser, que inda procura

trazer reminiscências da ruína:
retratos, dias, risos que cederam
com o tempo - esta ilusão que me extermina.

Ao fundo estou. Momentos se perderam.
Voltar é como a morte repentina:
sou cinza das lembranças que morreram.

BOM DIA - 31/10/2011

BOM DIA! – 31/10/2011

Já que hoje é dia “D”
Meu Yahoo ponto com
Vai dispor para você
Um soneto de Drumond


CARTA

Há muito tempo, sim, que não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelheci: Olha, em relevo,
estes sinais em mim, não das carícias

(tão leves) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
da vida a teu menino, que ao sol-posto
perde a sabedoria das crianças.

A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir, quando dizias
"Deus te abençoe", e a noite abria em sonho.

É quando, ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho.

sábado, 29 de outubro de 2011

BOM DIA! - 29/09/2011

Quem fez assim tão perfeito,
tão caprichado, esse ninho?
– Foi Deus, pegando de jeito
no bico do passarinho.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

UMA PENSÃO FUMAÇA

Raymundo de Salles Brasil

Todo estudante tem histórias para contar. Quem passou por essa fase da vida, quase sempre recheada de deveres, pouquíssimos direitos, e para compensar muita irresponsabilidade, sabe que é utopia imaginar que seus filhos não aprontaram. Histórias, as mais diversas aconteceram e acontecem hoje, das dramáticas às hilariantes, mas todas elas, contadas depois de que tudo se passou, muito engraçadas. As que eu sei dariam, certamente, alguns belíssimos contos, caídas na pena hábil de um contista de verdade. Na sua falta, arvorar-me-ei de sê-lo, para contar-lhes uma, que até hoje me enche de pejo.
Todos na quadra dos vinte anos, todos buscando um lugar ao sol, mas, aqui e acolá, ainda fazendo coisas absurdas, que só o jovem pode fazer e ainda, passadas algumas décadas, se dar ao direito de contá-las sem que lhe tire hoje a condição de homem sério, probo e digno de toda respeitabilidade, em fim, coisas do passado, vistas como coisas da juventude.
Uma pensão de estudantes: Rua Direita da Saúde – uma rua torta, como são todas as ruas direitas que eu conheço – n. 2, um velho bicentenário casarão no bairro de Nazaré, na capital da Bahia. Pela sua idade e pelo seu porte deve ter uma história, e deve ter sido palco de muitas outras. Eu participei de uma, vou contá-la: Não se suscetibilizem os meus comparsas se não era de seus pensamentos que fosse revelada uma história já apagada pelo tempo.
Dona Simplícia era a dona da pensão, uma mulher de poucas letras, mas de um tino comercial invejável e de uma capacidade de trabalho que deixava o seu marido, seu Deraldo, frustrado, pois ele mal tinha ânimo para pegar as malas dos hóspedes, quando bem instigado a fazê-lo pela sua consorte; o que ele gostava mesmo era de fumar o seu charuto pacífica e tranqüilamente, sem ser incomodado e sem incomodar. O casal tinha um filho, foi o máximo de esforço que seu Deraldo pôde fazer, mas o fez bem, porque Edvard era um rapaz bem afeiçoado, de compleição saudável, um bom estudante, e inteligente. Era nosso companheiro de todas as horas, menos no que ferisse os interesses da pensão, obviamente, de que era extremamente zeloso.
Dona Simplicia viera de Santo Amaro para estabelecer-se em Salvador visando abrigar uma leva de estudantes que saia do antigo Ginásio Santo-Amarense para fazer o curso colegial e outros que já entravam nas universidades, certa de que eram rapazes de família, de boa educação, (e eram sem dúvidas) mas sem imaginar que dentro de cada um deles dormia um menino travesso, pronto para acordar a qualquer momento.
Era uma festa a nossa convivência; todos nós trabalhávamos ou estudávamos ou as duas coisas, mas, nas horas vagas nos reuníamos para desfrutar de uma mocidade sadia, inteligente, viva; fazíamos festas, serenatas, namorávamos, conversávamos, divertíamo-nos; foi uma quadra inesquecível na minha mocidade. Todos, ou quase todos, caboclos da mesma aldeia.
A maioria saldava religiosamente os seus compromissos com o caixa da pensão, outros por contingências que não me convém aqui citar, atrasavam seus pagamentos, o que dificultava a boa administração da empresa, levando a sua direção (Dona Simplicia e Edvard), como medida compensatória, a tomar a decisão drástica de diminuir o “rango” dos esfomeados jovens estudantes.
Houve um protesto dos bons pagadores que estariam, como justos, pagando pelos pecadores; mas ao fim todos se acumpliciaram no sentido de ir à represália. Aproximavam-se os festejos de São João, nos céus da Rua Direita da Saúde já se ouviam, aqui e acolá, os estampidos de alguns foguetes e lágrimas de fogos de artifício, que, de vez em quando, se confundiam com as estrelas cadentes, enquanto as bombas pipocavam nas calçadas lançadas pelas mãos traquinas dos adolescentes que inspiraram tanto as nossas mentes maquiavélicas.
A idéia não foi minha, poderia ter sido, mas me confesso tão culpado quanto. Entre as tais bombas tocadas inocentemente pelos adolescentes, havia uma, a maior de todas, que sozinha causava um estampido ensurdecedor. Esta foi a escolhida para o nosso plano hitleriano.
O velho sobrado tinha duas entradas, uma delas, a mais utilizada pelos hóspedes, era lateral – um portão de ferro dava acesso ao pátio que ia ao longo do prédio até um alpendre contíguo, de um lado, à cozinha e do outro à sala de refeições. Nós morávamos no andar superior e para esse pátio abriam-se as janelas de todos os quartos, as dos hóspedes incautos e as dos maquiavélicos.
Descrito o cenário vamos ao plano diabólico e à cena dantesca:
Inacreditável que jovens tão bem educados pudessem urdir semelhante absurdo. Mas estudante é assim, nunca foi diferente, tirando aqueles que excepcionalmente são bem comportados, todos aprontam. O que importa é que não foi por mal, foi uma brincadeira que fizemos sem que atinássemos para as conseqüências. Nós éramos 16 estudantes que se transformaram todos, sem exceção, em homens de bem, de conduta ilibada, vejamos:
Num dos quartos moravam os quatro irmãos Araujo: Otávio, já falecido (economista), Francisco Otávio (advogado), Jaime Otávio (geólogo) e Hamilton Otávio (médico veterinário); Noutro moravam os dois irmãos Bastos: Walter e Mário (contadores); Noutro os Valladares: Mário e Flávio (advogado e médico respectivamente); noutro Geraldo Castro (médico); noutro Romil e Carlos Rosa (um advogado, o outro professor); no outro Edmundo Caroso (fiscal da receita federal e virtuose do cavaquinho) e por fim num outro quarto morávamos, eu, meu irmão Rodrigo, já falecido e meu primo Afonso, aposentado da Petrobrás. Quem diria!
O plano era o seguinte: cada um compraria uma daquelas bombas monstruosas a que já me referi, e levaria para o seu quarto guardando todo o segredo da arma do crime; às 10 horas da noite todos apagariam as suas luzes como se fossem dormir o sono dos anjos; todos os relógios previamente acertados; às 12 horas (meia noite) em ponto, quando todos os hóspedes já deveriam estar dormindo, Jaime Otávio acenderia um fósforo como sinal e aí, sim, todos, de uma só vez, acederíamos as nossas 15 bombas e jogá-las-íamos ao longo do pátio no meio do silêncio daquela famigerada noite de junho de 1953.
Dito e feito: buuummmmmmmmmmmm!
Desculpe-nos Edvard, não foi por mal.
Dona Simplícia! Que Deus a tenha.

domingo, 23 de outubro de 2011

BOM DIA! 23/10/2011

BOM DIA! – 23/10/2011

Perguntaram-me outro dia
Como se faz um poema,
Oh, meu Deus, nem eu sabia!
Fiquei num sério dilema.
– Eu acho que vem no vento
E chega a qualquer momento,
Nem sei se sou eu que faço.
Uma palavra sugere,
Deus as cordas d’alma fere,
e ensina o primeiro passo.


A gente pega a palavra,
E a gente faz dela um tema,
A gente recria e lavra,
E dela faz um poema,
A gente faz uma ode,
Mas a gente também pode
Fazer uma coisa nova,
Se a palavra for ternura
A gente faz a mistura
E põe dentro de uma trova.

Raymundo Salles

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

TERRA ESTRANHA

BOM DIA!–10/10/2011

Em mim nasceu uma luz,
Como nasce em todo mundo,
Foi-me dada por Jesus,
Ou não me chamo Raymundo.


TERRA ESTRANHA

Raymundo de Salles Brasil

Não se pode viver sem que se tenha,
Pelo menos um pouco de esperança,
Essa porção de fé em Deus é a senha,
Que nos permite alguma segurança.

Não se pode agradar a Deus sem fé,
Sem Deus ninguém pode viver feliz,
Posso viver sem quase tudo, até,
Mas não posso viver sem Deus na raiz.

O muito é bom, não vou dizer que não,
Mas tem que ser por Ele abençoado,
A semente do mal no coração,
É que faz da riqueza um mau legado.

Vamos deixar que Deus dirija a vida,
Porque Ele tem nas mãos vida tamanha,
Que até nos prometeu régia guarida
Depois da morte, numa terra estranha.
10/10/2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

BOM DIA! - 07/10/2011

Eu quis fazer um soneto

novo, pra dar BOM DIA,

saíu esse, em branco e preto,

se achasse cor, coloria:



MEU VERSO NU



Não sei se estou doente, ou se perdi meu estro,

Perdê-lo é morte certa, a mim ninguém me ilude,

É o que me faz fazer, é o que me torna destro,

E que pode levar-me alegre ao ataúde.



Não poderei viver feliz, se algum sequestro

Tirar de mim meu dom, tirar-me esta virtude,

Se a musa se evadir de mim serei canhestro,

Não daria ao meu verso o som que sempre pude.



E foi pensando assim que um verso eu fui tecendo,

O primeiro quarteto, o fiz nessa viagem,

Fiz o segundo e quase até que me arrependo.



Mas prossegui no intento, a ver se era miragem,

E o primeiro terceto flui, o vi nascendo,

E assim nasce o segundo – nu – sem camuflagem.

Salvador, 07/1020/11

domingo, 2 de outubro de 2011

EU VEJO DEUS

Raymundo de Salles Brasil
Na imensidão do mar eu vejo Deus
Eu vejo Deus na vastidão dos céus
Na pureza da flor
Numa gota de orvalho
Num grão de areia
Eu vejo
Deus
Mas no homem eu vejo Deus e o diabo.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

BOM DIA! - 28/09/2011

O MUNDO BOM



No mundo tem muita coisa boa, eu gosto de muitas. Tem nada melhor, por exemplo, que um bate-papo com pessoas inteligentes? Eu, de minha parte, dispenso qualquer outro programa para ficar ali ouvindo, observando, analisando e rindo, pois é sempre muito divertido, porque tudo mais ou menos improvisado: lembranças, casos, causos, frases, blagues, tudo sempre com a pitada divina da inteligência, sim, porque a inteligência é de Deus, que lhe aprouve dar um pouco ao homem (ao ser humano, para que a mulheres não se sintam ofendidas) e que ele às vezes, infelizmente, usa para o mal, mas vamos deixar isso para outro capítulo, vamos falar apenas das coisas boas, das coisas boas deste mundo. Um bom discurso! Tem gente que não gosta, já ouvi muita gente dizer isso, mas eu gosto muito de um bom discurso: inteligente, rico, num vernáculo bem esgrimido e sincero (esta é a parte mais rara): eu gosto de um bom sermão, estribado na Palavra, eu gosto de ouvir Deus usando o homem, ou a mulher, para dar o seu recado. Tem nada melhor do que um bom texto? Em prosa ou em verso? E a família, nada como uma família bem estruturada, dentro dos padrões de Deus, em que todos se curtem, se ajudam, se querem, “a célula mater da sociedade”; e um filho! Um filho bom, então, que coisa boa! O beijo da mulher amada, quando você volta do trabalho e ela lhe espera maravilhosa, sorridente e linda! As reuniões de família, a intimidade, as brincadeiras, e um cachorrinho latindo completando a fuzarca! Um abraço, como é bom um abraço afetuoso e amigo! Os netos! Ah! Os netos! Que coisa boa, os netos, dizem até que é melhor do que filho, não sei, digamos que seja igual, mas é muito bom, eu assino e dou fé.
Ah! Se eu fosse enumerar as coisas boas deste mundo! Não terminaria a minha crônica.
Isto porque estou falando da minha fase adulta, caminhando para a senilidade.
Imaginem se eu fosse falar das coisas boas da adolescência e da juventude!
Ah, como Deus é bom!

BOM DIA!

BOM DIA! – 25/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

Eu tenho muitas lembranças
De muitos anos atrás,
Do tempo das esperanças
Que já ficaram pra traz.

Do tempo das calças curtas,
Do bigodinho de rapaz,
E do perfume das murtas
Que não me esqueço jamais.

Daquele cheiro de cana
Vindo dos canaviais,
E do doce de banana
Na folha dos bananais.

Lembro-me das brincadeiras,
Do bate-bola na praça,
Jangadas de bananeiras
Descendo o rio que passa,

Que passa dentro de mim,
Diferente do que hoje é,
Aliás, não sei que fim
Vai ter meu Rio Subaé.

Matou-o sem dó, nem pena,
Uma fábrica assassina,
Virou lixo, deu gangrena
Meu Subaé – triste sina.

Quem sabe mãos milagrosas
Um dia limpem meu rio,
E nos devolvam piscosas
As águas que a gente viu.

Tenho lembranças gostosas,
Tenho-as também bem ruins,
Se vejo murchas as rosas
Que plantei nos meus jardins.

BOM DIA!

BOM DIA! – 22/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

Ontem jantei com meu neto,
Um neto muito querido,
Pois dono do meu afeto
Talvez nem fosse nascido.
Avô tem coisas assim:
As flores do seu jardim
As ama, sequer brotaram,
Nas mães ainda essas vidas
Sejam cravos, margaridas,
No seu coração floraram.

Ele fez dezessete anos,
É sadio, belo rapaz,
Na áurea fase dos enganos,
E de esperanças assaz.
Daniel é formidável,
Uma presença agradável,
Querido de todos nós
Dos pais, dos irmãos, dos primos,
Mas certamente convimos:
Corujas são seus avós.


VARÕES DOS MEUS REBENTOS

Raymundo de Salles Brasil


Guga me trouxe à boca um virginal sabor,
O gosto adocicado do primeiro neto,
Ele me fez quase explodir de tanto amor,
E sentir-me, de Deus, um filho predileto.

Pensei que já tivesse o coração completo,
Que não tivesse mais lugar para outro por.
Chegou Marcelo e abriu mais um lugar secreto.
Nunca falta lugar à pétala na flor.

E assim, meu coração, cada vez mais se abrindo,
Recebe Lucas e lhe diz: seja bem vindo,
Seja hoje você meu mais belo arrebol.

Logo nasceu Daniel, num florido setembro.
Não sei se era chuvoso o tempo, não me lembro.
Mas no meu coração, eu sei, fazia sol.

BOM DIA!

BOM DIA! – 21/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

Quando eu vejo na calçada,
Um ser humano estendido,
Assim como fosse um nada,
Na miséria, sucumbido,
Eu sinto uma dor estranha,
E esta dor é tão tamanha,
Que me faz até chorar;
Mas sem ter a faca e o queijo,
Frustrado fica o desejo,
De socorrer e ajudar.

Por isso hoje eu canto loas
Ao plano da Presidente,
Que uma dessas coisas boas
Colocou na sua mente:
Erradicar a miséria,
Como, talvez, a mais séria
De nossas questões de agora,
Pois é tristeza sem nome,
Ver gente passando fome
E rico jogando fora.


Árvore

Raymundo de Salles Brasil

Abrigas, sem vaidade, a tantos quantos,
Vindos de lutas, buscam refrigério;
Não cobras um real por serem tantos,
Não usas esse sórdido critério.

Ao que sorri feliz, ao triste, ao sério,
Dás, a todos, os mesmos acalantos...
És um delubro puro e sem mistério,
Templo das alegrias e dos prantos.

E ainda dás o fruto ao que tem fome,
Sem sequer perguntar nem mesmo o nome
Ao cansado e faminto repousante.

Oh! Árvore! tu és, não só um templo,
És, também, um belíssimo exemplo
De bondade - frondosa e verdejante!

BOM DIA!

BOM DIA! – 19/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

Eu devo versos rimar,
Nem que saiba um por dia,
Faz-me bem esse tear,
Que tece, fia e desfia.

É meu lazer predileto
Buscar um verso perfeito,
Navego quando poeto,
Poeto quando me deito.

Achá-lo nunca me aprouve,
Mas persegui-lo convém.
Desconfio que, nunca houve
Quem o achasse, também.

O verso pra ser perfeito
Ele tem que ser divino,
Um dia vou ter direito
De ouvir no céu esse hino.

Vou fazê-lo? – acho que não,
Vou ouvir – isso me basta –
Pois lá no céu estarão
Poetas de melhor casta.

UM PÁSSARO A CANTAR DENTRO DE UM OVO

Antonio Juraci Siqueira

Se o mundo quer calar-me, eu não hesito:
recorro à trova e crio um mundo novo
onde ponho o calor e a voz do povo,
um punhado de humor, um beijo e um grito.

Na trova eu me divirto e me comovo,
nela o meu sonho é muito mais bonito,
nela eu prendo as estrelas do infinito
e um pássaro a cantar dentro de um ovo.

Trova é roupa estendida na varanda,
relva molhada pela chuva branda,
rosa vermelha, moça na janela,

gotas de orvalho a tremular na flor...
Por isso não a queiram mal, pois ela
é a voz e o coração do trovador!

BOM DIA!

BOM DIA! – 16/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

O artesão do verso sofre,
Porque o que ele tem de bom
No seu coração, seu cofre,
Às vezes não sai no tom.

Com aquele som ideal,
Que ele um dia imaginou,
É quando surge um sinal
E ele vê que não gostou.

É a palavra, a cesura...
O verso que não cantou...
Determinada costura...
A rima que não calhou...

Mas às vezes sai perfeito,
Sem tirar e sem botar,
E vibra dentro do peito
Uma alegria sem par.

Estes versos de improviso
Que os faço como pretexto,
É bem provável, preciso
Jogá-los dentro do cesto.

O SINAL
José Ouverney

Absorto, incompreendido em seu dilema,
a questionar o próprio potencial,
ele costura nova estrofe ao tema,
lendo-a em voz alta, ríspido e formal;

carente de um melhor estratagema
que faça a inspiração dar-lhe um sinal,
navega horas a fio no poema,
à procura do enfoque original;

gosta, desgosta... Tira e põe remendo...
(Ah, esses poetas que eu jamais entendo!)
Lança outro olhar ao rasurado texto;

por fim, como a extirpar o próprio ser,
cético, arranca a página, a sofrer,
amassa a "obra-prima" e "zás"... no cesto!...

BOM DIA!

BOM DIA! – 14/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

O pecado veio ao mundo,
“Pra bagunçar o coreto”,
Se acaso não me confundo,
Veio emendar o soneto.

Um soneto lapidar
Feito com todo cuidado,
Tinha tudo pra brilhar,
Foi vilmente mutilado.

Tirou da terra o amor,
No coração pôs inveja;
E a mão que oferece flor
É a mesma mão que apedreja.

No entanto resta a esperança,
Que está na ressurreição:
Jesus – a nossa confiança.
Jesus – nossa redenção.


NÃO NEGUES NUNCA O PÃO

Gióia Júnior

Não negues nunca o pão ao que te bate á porta,
nem o trates jamais de maneira violenta.
Amar é o sumo bem e, se o pão alimenta,
o gesto vivifica e a palavra conforta.

Vê no desconhecido a velha folha morta
que, às tontas, voluteia agarrada à tormenta;
ama-o como a ti mesmo. O amor constrói, sustenta,
encoraja, encaminha, ensina, instrui e exorta.

Não o faças, porém, visando recompensa:
o interesse amesquinha e desvirtua a crença.
Ama pelo prazer que o próprio amor produz.

Ao que te pede o pão não o negues jamais,
nem queiras ver, depois, teu nome nos jornais;
faze-o, com humildade, em nome de Jesus!
Setembro de 1956

BOM DIA!

BOM DIA!– 11-09-2011

Raymundo de Salles Brasil

Que coisa boa, que bom,
Se ler um texto divino,
Que tem sabor de bom bom
Chupado por um menino.

Que coisa boa chegar
À inspiração de um poeta,
O seu íntimo singrar,
Ouvindo-lhe a voz secreta.

Que bom ouvir-lhe a cadência,
Na construção de um bom verso,
O jorro da inteligência
Alcançando o Universo.

É como ouvir de Chopin
Arcodes indescritíveis,
Eu sou, de Quintana, fã
Dos seus sonetos incríveis.



A RUA DOS CATAVENTOS – II

Mario Quintana

Dorme, ruazinha... E tudo escuro...
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos.

Dorme... Não há ladrões, eu te asseguro...
Nem guardas para acaso persegui-los...
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos...

O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão...
Dorme, ruazinha... Não há mais nada...

Só os meus passos... Mas tão leves são
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração...

BOM DIA!

BOM DIA! – 7/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

A plena felicidade
É difícil de se ter,
Pois desde a primeira idade
Já se começa a sofrer.

Se chora, quando criança,
E se chora adolescente,
A vantagem é que a esperança
Nessas fazes é presente.

Mas depois que os anos passam,
A esperança vai sumindo,
Nossos sonhos se adelgaçam,
E as dores vão percutindo.

Precisamos de Jesus
Pra reverter esta cena
Pois só Ele tem a luz
Da felicidade plena.


Não adianta só na cruz
O Jesus que nós amamos
Precisamos de Jesus
No lugar que nós estamos.

Velho Tema

Vicente de Carvalho
Santos, 5/04/ 1866; São Paulo,22 /04 /1924

Só a leve esperança em toda a vida
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos

BOM DIA!

BOM DIA – 6/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

A vida é feita de cacos,
Juntá-los é nossa lida,
Como coberta de tacos
Nós vamos tecendo a vida.

De tacos bons e ruins,
Escolhê-los nos compete,
De tacos grandes, mirins,
Nós fazemos nosso escrete.

Se cairmos – acontece –
Não vamos ficar no chão,
O tombo nos fortalece
E o erro é uma lição.

Se pusermos nossas vidas,
Nas mãos de Deus, certamente
Elas vão ficar ungidas
Vão servir a muita gente.

Da queda daquele lenho,
Surge um lenho harmonioso,
Que o Salles com desempenho,
Pôs nas mãos de um virtuoso.


A LIÇÃO DO LENHO

Arthur de Salles


“Erguia-se, ditoso, o tronco peregrino,
Amava a passarada, o vale, a fonte, o vento!...
Um dia, geme e tomba ao machado violento!...
Alguém surge e faz dele emérito violino.

Ninguém lhe viu no bosque o trágico destino,
Hoje, porém, alheio ao próprio sofrimento,
Comove multidões... E segue, humilde e atento,
O artista que lhe tange o arcabouço divino.

Oh! Coração, se o mal te fere, pisa, corta
E te lança por terra a vida semimorta,
Lembra o lenho harmonioso – intérprete profundo!

Entrega-te a Jesus e Jesus há de usar-te
A transfundir-se a dor em luz, por toda a parte,
Enxugando contigo as lágrimas do mundo!...”

BOM DIA!

BOM DIA! – 4/09/2011


Amante que sou do verso,
E gamado num soneto,
Prefiro nesse universo
Não o branco, mas o preto.

O verso puro, rimado,
De rima rica – a rigor,
Que seja metrificado
Para que o saiba de cor.

Um verso que soe suave,
Marcando sempre a cadência,
Mas com mensagem na nave,
É claro, de preferência.

Para exemplo do que gosto,
É que dentre muitos, marco,
–Vocês vão gostar, aposto –
De Caio Cid – PAUDARCO.



PAUDARCO

Caio Cid
22.02.1904 – 21.08.1972

Paudarco gigantesco! Pelos traços
lembra um deus milenar, rude e iracundo,
que detivesse, de repente, os passos
e ali ficasse contemplando o mundo.

Preso pela raiz ao chão profundo,
a fronde a farfalhar pelos espaços,
bebe a seiva nutriz no solo imundo,
mas para o céu é que levanta os braços.

Prometeu vegetal brame se estorce
e, por mais que proteste e que se esforce,
não se libera da imobilidade.

Acorrentado ao pedestal da serra,
embalde é o sonho de fugir à terra,
o anseio de galgar a imensidade

BOM DIA!

BOM DIA! – 2/09/2011



Deparamo-nos, às vezes,
A remexer em papeis,
De poucos dias, de meses,
E do tempo dos mil réis.

Papeis velhos, carcomidos
Pelo tempo e pela traça,
Chego até ouvir gemidos
De cada papel que passa.

Aqui e ali um, de um ente
Querido que faleceu,
Mas que ainda está presente,
Em tudo quanto escreveu.

Num papel desses, meu tio,
(tinha o mesmo nome que eu)
Belo soneto imprimiu,
Num papel que a traça roeu.


Luz de Candeeiro

Raimundo N. de Salles Brasil

Buscando o ocaso em fúlgido crescente,
O luar, o brando luar desaparece
A noite em meio. O céu puro e silente,
Recamado de estrelas estremece

Leio. O meu pensamento se embevece,
Nessa leitura e nesse luar poente.
Ah ! Se das sombras tua imagem viesse
Na asa de um sonho incontentado e ardente !

E a noite avança plácida e tranqüila
Baixo o Candeeiro. A luz, de quando em quando,
Numa serena vibração cintila.

E à proporção que vem nascendo o dia,
Dentro do vidro a luz se apagando,
Num frêmito azulado de agonia.

BOM DIA!

BOM DIA! – 30/08/2011

Raymundo de Salles Brasil

O poeta nasce no ventre,
Não adianta querer ser,
É Deus que dá ordem: – entre
Nesse aí que vai nascer!

E matéria consumada,
É poeta toda vida,
Distribuindo alvorada,
Juntando a luz espargida.

Relutar contra esta sina
É também tarefa inglória,
Pois a vida nos ensina
Que ninguém muda essa história.

Heráclio Salles primava
No jornalismo do Rio,
Mas, quando jovem rimava,
E bem pouca gente viu.


TEU PRESENTE

Eráclio Salles

Pensei que a terra, por demais escura,
Manchasse o alvor de teus formosos braços.
E arrojei-me, quixótico, aos espaços,
Sorvendo aos tragos a amplidão da altura.

Penetrei mundos de celeste alvura,
Cansando o olhar, multiplicando os passos.
Venci desertos, esmaguei cansaços,
De um presente trazer-te, indo à procura.

Fiquei cego de ver tanta miragem,
Fitando estrelas, no ansiar profundo.
Nem só uma escolhi - tantos cuidados ! -

Nada te posso dar dessa viagem.
Mas sei, no entanto, que te trouxe um mundo
Na memória dos olhos apagados.

BOM DIA!

BOM DIA! – 29/08/2011

Raymundo de Salles Brasil


Eu vivo fazendo verso
Faço-os a torto e a direito,
Comigo mesmo converso,
Buscando um verso perfeito.

Encontrá-lo-ei? Jamais,
Esse verso não existe,
Mas o poeta corre atrás,
Não se cansa, não desiste.

Só há um jeito: sonhar,
E a todo poeta eu proponho:
Enquanto não alcançar
Viva agarrado ao seu sonho.

E por falar de quem sonha,
Lembrei, convencido assaz,
De uma verdade tamanha:
“Os sonhos não voltam mais.”



As Pombas

Raimundo Correia

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra ... Enfim dezenas
de pombas vão-se dos pombais, apenas
raia sangüínea e fresca a madrugada.

E à tarde, quando a rígida nortada
sopra, aos pombais, de novo, elas serenas,
ruflando as asas, sacudindo as penas,
voltam todas em bando e em revoada.

Assim, nos corações onde abotoam,
os sonhos um por um céleres voam,
como voam as pombas dos pombais.

No azul da adolescência as asas soltam,
fogem... Mas aos pombais as pombas voltam
e eles aos corações não voltam mais.

BOM DIA!

BOM DIA! – 26/08/2011

Raymundo de Salles Brasil

Eu ainda vou compor
Um verso como desejo,
Que tenha o mesmo sabor,
O mesmo sabor do beijo.

Tenho sentido, é bem certo,
Prazer nos versos que faço,
Mas eles nem chegam perto
Do beijo – nem mesmo um traço.

Nada, nada se compara
Ao puro doce de um beijo,
Será sempre a jóia rara
Entre as jóias do desejo.

Só Bilac pôde achar,
Na dor extrema do luto,
Um soneto lapidar,
Para um beijo de um minuto.



Um Beijo

Olavo Bilac

Foste o beijo melhor da minha vida,
Ou talvez o pior...Glória e tormento,
Contigo à luz subi do firmamento,
Contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
E do teu gosto amargo me alimento,
E rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema-unção, naquele instante
Por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto,
Beijo divino! e anseio, delirante,
Na perpétua saudade de um minuto...

BOM DIA!

BOM DIA! – 25/08/2011

Raymundo de Salles Brasil

Se para falar da vida,
A voz de minh’alma ecoa,
É porque ela não duvida,
Que Deus a fez muito boa.

Mas se também fica triste,
Ante as coisas que ela vê,
Ante a maldade que existe,
No homem ela pouco crê.

Jesus do alto da glória,
Mandado, lá do infinito,
Veio mudar nossa história,
E nos salvar com seu grito.

E Mario Barreto França,
Nesses seus versos de escol,
Mostra em Jesus – a esperança,
O nosso Nascer do Sol.

Sobre as Ondas
Mario Barreto França

Era noite. O alto mar se enfurecia...
Para o barco veloz que à morte avança,
Não restava uma simples esperança
De incólume rever a luz do dia...

Entre as brumas, porém, da noite fria
Aparece uma sombra, calma e mansa...
Era um fantasma? – Não! – era a bonança
Que em Jesus, como bênção, se anuncia.

Inda hoje o mar do mundo se encapela;
E, no barco da vida, já sem vela,
Não nos resta sequer uma ilusão...

Mas – Senhor! – sobre as ondas revoltadas,
Volta a trazer às almas torturadas
O consolo da tua salvação!

BOM DIA!

BOM DIA! – 23/08/2011

Raymundo de Salles Brasil

Fiz uma pequena pausa,
E voltei a dar BOM DIA,
Sempre pela nobre causa:
Divulgar a poesia.

Esse nosso mundo agre,
Precisa de paz e amor,
De quem opere o milagre
De mudar a arma em flor.

O poeta canta um hino
Quando este mundo é falaz,
Talvez seja o seu destino
Espalhar amor e paz.

Nestor da Costa Oliveira,
Poeta de puras linhas,
Vai retirar da algibeira
O seu poema “ANDORINHAS”.

ANDORINHAS

Nestor Oliveira

Olhando os seixos que a corrente leva,
Que felizes que sois, assim juntinhas,
Em trêfegos casais, ó andorinhas,
Esquecidas que vem a noite, a treva...

Em vos vendo à moldura da paisagem,
Penso tanto nas almas que, sozinhas,
Fazem da vida a trágica romagem
Sem uma alma ao seu lado, ó andorinhas...

Curvai da posteação a rede, as linhas,
Que esse dom de juntar asa com asa
É o mais alto dos bens! Oh! Como abrasa
O enlevo em que viveis, ó andorinhas!

Imerso à sombra o sol, que já não arde,
Eu penso em nosso amor... certo advinhas,
Porque me aflijo nesse fim de tarde,
E porque tanto invejo as andorinhas...

BOM DIA!

BOM DIA! - 21/08/2011

Depois de trégua pequena,
eis-me aqui, só pra lembrar
esta manhã que serena,
pondo um BOM DIA no ar.

Vou mandar de vez em quando,
numa simples cortesia,
se o verso chegar-me inflando
as asas da fantasia.

Lembrei-me hoje de Arthur,
sim, do velho Arthur de Salles,
que cantou com seu glamour,
o mar, colinas e vales.

Ocaso no Mar

Arthur de Salles
O céu a valva azul de uma concha semelha
De que outra valva é o mar ouriçado de escamas.
No ponto de junção, o sol - molusco em chamas -
Do bisso espalha no ar a incendida centelha.

Listões de intenso anil, raias de cor vermelha,
Grandes manchas de opala, arabescos e lhamas,
Da luz todos os tons, da cor todas as gamas
Vibram na valva azul que a valva verde espelha.

Mas todo este fulgor esmaece e se apaga.
Tímido, o olhar do sol bóia de vaga em vaga,
Porque uma sombra investe a sua concha enorme.

É a noite: como um polvo, insidiosa, se eleva.
Desenrola os seus mil tentáculos de treva:
E o sol, vendo-a crescer, fecha as valvas e dorme.

BOM DIA!

BOM DIA! – 19/05/2011

Pus um disco na vitrola,
E me pus a ouvir um som,
Naveguei nessa marola
De Acker Bilk, sopro bom.

A inspiração foi chegando,
Parece vinda do além,
Eu comecei digitando,
Até com certo desdém.

Quando menos esperava
Cavalgando a melodia,
Sorridente me saudava
A estrofe do meu BOM DIA.


A SÓS COM DEUS

Eu gosto muito de falar com Deus,
De conversar com Deus, de ouvir-lhe a voz;
De vê-lo entrando aos aposentos meus
Para falar-me a sós.

Ali retiro as máscaras e os véus,
Assim como falou Moisés, e Amós,
Sem a falácia vã dos Fariseus
Unicamente nós.

Aos seus pés me quebranto e chego ao barro,
E peço-lhe me faça um novo jarro:
Refaze-me Senhor!

Esvazia-me de mim, os meus rancores,
Arranca-me de mim os meus temores,
E enche-me de amor!

23/03/05

BOM DIA!

BOM DIA! – 18/05/2011

Das mãos de Deus as carícias,
desejo gozá-las cá,
Mesmo certo que as delícias
Melhores me esperam lá.

Se Ele mesmo foi quem deu
O sol que nos alumia,
Foi pra que vocês, e eu,
Possamos ter um BOM DIA.


QUEM PLANTA COLHE

É mês de abril, o inverno já está perto,
Chuvas que eram de março estão chegando,
O céu agora está todo encoberto
Por nuvens carregadas se formando.

O campo que produz o pão, decerto
Há de florir feliz, há de, brotando,
Cobrir de trigo o chão antes deserto,
E de alegria a mão que está plantando.

Nunca te esquives de plantar, que o dia
Da irrigação pertence a Deus somente,
Plantar é teu dever, planta e confia,

As bênçãos são de Deus, tua – a batalha,
Deus fará germinar sempre a semente
Que cai das mãos do homem que trabalha.
25/04/09

BOM DIA!

BOM DIA 17/05/2011

O dia hoje está lindo,
o tempo fez-se poesia!
Assim, pois, apenas brindo,
e compartilho um BOM DIA.


...ACHO QUE DORME

Da minha lira as cordas já não soam.
Também pudera! A minha mocidade
Já vai longe de mim. Ouço que ecoam
Restos de voz, mas sem sonoridade.

Meus sonhos! Nem se fala! Todos voam
E vão florir com prodigalidade
Em outros corações – onde ressoam,
Deixando em mim apenas a saudade.

E que saudade! Aqui dentro do peito
(E até sem compreender mesmo direito)
Eu queira ou não sinto um vazio enorme.

Aquela brasa que queimava e ardia
Não gera mais prazer, nem fantasia;
Se não morreu ainda, acho que dorme.

BOM DIA!

BOM DIA! – 16/05/2011


Hoje estou ensimesmado,
pensando no que seria
sem Jesus ressuscitado...
Não haveria BOM DIA.


SOMENTE A VOZ DE DEUS

Na calada da noite eu caminhava,
E nada ouvia, simplesmente nada,
Um silêncio de túmulos reinava,
Reinava a paz em cada sombra, em cada

Pincelada de luz que a lua dava
Eu via a mão de Deus, iluminada,
Segurando o pincel – e eu me encantava!
Eu me senti com Deus naquela estrada.

Estava a lua iluminando tudo
Do espaço sideral, linda e prateada,
Realçando o silêncio, sobretudo.

Era uma noite de verão nos céus!
Vez em quando soprava uma lufada,
Trazendo ao meu ouvido a voz de Deus.
18/04/2009

BOM DIA!

BOM DIA! – 15/05/2011

Hoje é dia dezesseis
de maio, que é o mês das flores,
vamos decidir, de vez,
acabar nossos temores.

Sobre os ombros de Jesus,
vamos por nossa agonia,
e deixar que a sua luz,
ilumine o nosso dia.

Porque as nossas ansiedades,
Ele as suporta e avalia,
dEle descem claridades,
que vão nos dar um BOM DIA!

A SORTE, O LIVRE ARBÍTRIO E DEUS

Tangido pela sorte eu fui caminhando,
Tendo ao meu lado um Deus que me amparasse;
Embora eu me afastasse vez em quando,
E, vez em quando, ao chão me esboroasse,

Em pé de novo, a sorte disse: passe,
Mas vá pelo caminho sempre lembrando,
Como se ao seu ouvido alguém soprasse,
Que Deus deve assumir todo o comando.

Você sem Deus não representa nada,
Disse-me a sorte, quase cochichando,
Eu sou a sorte, e só lhe mostro a estrada,

Quem vai lhe segurar, nunca duvide,
É Deus, mas se você for se afastando,
Você vai se perder – você decide.
Salvador, 18/02/09

BOM DIA!

BOM DIA! – 14/05/2011

Acordei hoje querendo
Fazer versos e cantar,
Estava um pouco chovendo
Havia um clima no ar,
O sol estava nascendo
E eu comecei a pensar:

Vou contar o meu segredo,
Quebrar tabus e voar,
Fiz um sonho de brinquedo
E me pus a levitar
Navegando o vento ledo,
Não consegui mais parar.

Foi quando eu pude encontrar
A inspiração dos poetas,
Por aqui e no além-mar,
Minhas musas prediletas,
Burilar meu versejar,
E achar as rimas corretas.

Eu sou poeta pequeno,
Meu brilho não tem fulgor,
Por isso padeço, peno,
Mas quando vejo uma flor
Regada pelo sereno
Meu verso muda de cor.

Às vezes é nas estrelas
Que eu vou buscar meu talento,
Inspira-me tanto vê-las
Brilhando no firmamento!
Fico um tempo, a protegê-las
Com meus olhos, ao relento.

O sol também me traz luz
Quando o meu verso se cala,
Se a lua nova seduz,
Quando cheia, nem se fala,
Troco a palavra que pus,
Mudo o tom, troco de escala.

Um rio correndo no leito
Enche-me de melodia,
Faz suspirar o meu peito
A sua doce magia
E foi assim desse jeito
Que eu vim dar o meu BOM DIA!


A PEÇA QUE NOS FALTA

Eu não posso entender, não pude ainda,
Certamente jamais entenderei:
Um mundo rico, a natureza linda,
E o ser humano coroado rei!

Um rei cuja maldade não se finda,
Polui, destrói, corrompe, e mais direi:
Tira tudo da terra, mata e brinda.
Vai se matar, pelo que eu vejo e sei.

Só Deus pode mudar o que está posto.
Tem um plano factível, formidável,
Que há mais de dois mil anos foi proposto.

Mas só quem aceitá-lo fará jus
A essa transformação incomparável,
Colocando uma peça só – Jesus.



28/02/2008

segunda-feira, 30 de maio de 2011

BOM DIA! – 13/05/2011

Fazer versos todo dia,
como se fosse um dever,
só mesmo Deus da coxia,
soprando ao nosso saber.

Quanta vez, pela manhã,
eu me fico a ver navios,
e ouço a flauta de Pan,
em suaves assobios

ditar-me o verso primeiro,
o segundo, e outro mais,
quando chega ao derradeiro
até me sinto capaz.

Deus nos dá esta impressão,
mas não fiquemos vaidosos,
os que vêm da Sua mão,
são sempre eles mais formosos.

Vamos dar glórias ao Pai,
vamos pô-lo como guia,
ter certeza que Ele vai
nos desejar um BOM DIA!


MEU EGOÍSMO

Eu vi um homem, hoje, na calçada,
Dormindo a sono solto, ou moribundo;
A roupa que vestia – esfarrapada,
Cheirava mal o corpo – estava imundo.

Como se eu não tivesse visto nada,
Não lhe dei atenção nem um segundo,
Não me ocorreu fazer uma parada,
Preocupado que estava com meu mundo;

Fiz-me ao largo daquele ser humano
Tão carente de um bom samaritano,
Ou de um autêntico e fiel cristão.

Depois me vendo um poço de egoísmo,
Da minha dor no seu paroxismo
Clamei: Será que Cristo veio em vão?

24/11/007

BOM DIA! – 12/05/2011

Primorosamente belo
o mundo que Deus nos deu!
Eu não me canso de vê-lo,
não sei como existe ateu.

Que lindo, um rio correndo,
uma fonte borbulhando,
uma angélica nascendo,
um papa-capim cantando,

pingos de chuva caindo,
majestoso, o sol brilhando,
a margarida se abrindo,
o mar sonoro espraiando,

a cabeleira das selvas,
neste Amazonas gigante,
as cachoeiras, as relvas,
um riacho murmurejante,

os grãos de areia juntinhos,
formando um lençol na praia!
Um bando de passarinhos
vendo a tarde que desmaia,

se recolhe, vai dormir
mas quando o primeiro pia,
vejo que é hora de vir
desejar o meu BOM DIA.


A UMA VELHA MANGUEIRA

Eu tenho no quintal uma mangueira,
Não fui eu quem plantou, é muito antiga,
Mas parece-me a mim ainda fagueira,
Se a passarada chega e ali se abriga.

É árvore frondosa, parideira,
Já deu milhões de frutos sem fadiga,
E até hoje nos olha sobranceira,
Mas, generosa, acolhedora e amiga.

Difícil ser assim, não é verdade?
Assim como essa árvore – a mangueira –
Se dando sem cobrar, a vida inteira,

Com tanto amor e tanta dignidade,
Sem achar que fez tudo, que já basta,
Sem olhar para credo, cor ou casta.

BOM DIA! – 11/05/2011

Meu bom dia eu sempre faço,
pela manhã, obviamente,
bem dormido, sem cansaço,
a alma leve e fresca a mente.

Bem mais fácil, o verso flui,
a rima brota de um jato.
a manhã se constitui
a melhor hora de fato.

Na gaiola um canarinho,
de tão novo ainda nem canta,
faz pio, pio, e bem baixinho,
exercitando a garganta.

O cachorrinho me chama,
para que lhe dê comida,
se não vou logo, reclama,
mas não de forma atrevida.

Eu vou, lhe faço a vontade,
ele salta de alegria,
e eu vendo tanta lealdade,
vou correndo dar BOM DIA!


DUAS VIDAS

A gente vai vivendo e vai chegando à morte,
Ponto inicial da vida em outras dimensões.
Ao chegarmos aqui, precisamos de sorte,
De força e de coragem, para abrir portões.

Precisamos de um pai, pai de caráter forte,
E de uma doce mãe a ministrar sermões;
De castigo eficaz, de um colo que conforte,
Nas horas mais difíceis, nossos corações.

Para chegarmos lá, na mansão prometida,
Antes da fundação do mundo preparada,
E tanto como aqui, por nós desconhecida,

Teremos de levar nossa vida lavada
No sangue de Jesus, mas antes da partida,
Como bem nos ensina a Escritura Sagrada.

BOM DIA! – 10/05/2011

É bom fazer exercício,
a gente se sente bem.
Pilates é um artifício
Que, à boa forma, convém.

Deus fez o corpo da gente,
para ser exercitado,
termina ficando doente,
quem fica muito parado.

Comecei e já me sinto,
melhor do que me sentia,
porque percebo e pressinto,
que vou ter sempre um BOM DIA.

SUBLIMAÇÃO

Ela se despediu e nunca mais nos vimos,
Nunca mais nós trocamos um alô, sequer,
Faz tempo já, o tempo que brincamos e rimos,
Ela era um botão, longe de ser mulher,

E eu era um fedelho quando, os dois, sorrimos...
Despetalando aquela flor do mal-me-quer,
Pra ver se o nosso amor era coisa de primos,
Ou se tinha embutida outra coisa qualquer.

Hoje com meus botões, refletindo maduro,
Eu concluí que sim, era muito mais puro,
Era mais para santo o nosso amor fraterno.

Sem ter a marca vil dessa coisa carnal,
Ele se fez sublime, quase divinal,
Talvez, por isso mesmo, ele ficasse eterno.

23/11/07

segunda-feira, 9 de maio de 2011

BOM DIA! – 09/05/2011

Hoje é, sim, segunda-feira,
trabalha todo o universo,
e somente eu de “bobeira”,
sentado, fazendo verso.

Mas trabalhei, convenhamos,
e de sol a sol até,
pra fazer trova, digamos,
eu as fazia de pé.

Hoje é que me dou ao luxo,
de ficar na fidalguia,
sentado engordando o bucho,
e desejando um BOM DIA!


SEMEANDO

Feriram-se os seus pés naquela estrada,
Que tinha flores camuflando espinhos,
Que além de dores não lhe deram nada,
Apesar de diversos os caminhos.

Trilhando atalhos nessa caminhada,
Tragaram-lhe alguns redemoinhos
Das noites mal dormidas na calada,
Embriagado de amores e de vinhos.

Mas um anjo pousou ao seu redor
E como quem quer nada se instalou
E o evangelho santo semeou,

Inoculando nele o amor maior,
Aquele que perdoa e que redime,
Por maior que seja o pecado ou o crime.

24/09/07

domingo, 8 de maio de 2011

BOM DIA! (Às mães) 8/05/2011

Deixo aqui minha homenagem
Às mães de açúcar e de mel,
Às que honram essa imagem,
Às que cumprem seu papel.

Ninguém descreveu melhor uma boa mãe do que COELHO NETO:

SER MÃE

Ser mãe é desdobrar fibra por fibra
o coração! Ser mãe é ter no alheio
lábio que suga, o pedestal do seio,
onde a vida, onde o amor, cantando, vibra.

Ser mãe é ser um anjo que se libra
sobre um berço dormindo! É ser anseio,
é ser temeridade, é ser receio,
é ser força que os males equilibra!

Todo o bem que a mãe goza é bem do filho,
espelho em que se mira afortunada,
Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!

Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso!

sábado, 7 de maio de 2011

BOM DIA! – 07/05/2011

Eu sempre tenho o cuidado,
de anexar um soneto,
a um BOM DIA improvisado,
formando sempre um dueto.

Se a trova sai num repente,
pode até ter seu defeito,
mas o soneto, entremente,
não tem o mesmo direito.

Ele é um verso trabalhado,
não pode sair à rua,
antes de ser burilado,
mesmo até que a idéia flua.

Se peço benevolência,
com o improviso, prometo,
acatar, por coerência,
o rigor com meu soneto.

Enquanto a crítica apura,
meu versejar avalia,
meu pobre verso costura,
de improviso o meu BOM DIA.

A IGREJA DE JESUS

De que nos serve tanta erudição,
Nem mesmo da escritura a exegese,
Se nós não praticarmos o perdão,
Nem fizermos do amor a nossa tese?

Se nós não compreendermos nosso irmão,
Mesmo que nos maltrate e que nos lese,
E se não repartirmos nosso pão,
Qual o valor de toda nossa ascese?

É difícil se amar como Jesus,
Mas Ele deve ser o nosso exemplo,
Deve ser nossa estrela, nossa luz.

Abre-lhe a alma, para que Ele esteja.
Se cada um de nós for o Seu templo,
Seremos juntos Sua grande Igreja.

BOM DIA! – 6/05/2011

Como eu venho de outras eras,
hoje eu fico aqui, no “mole”,
lembro de outras primaveras,
escutando Nat King Cole.

O passado me faz bem,
o presente, nem se fala,
e imagino que no além
a festa vai ser de gala.

Por enquanto, vou flanando,
e com certa regalia,
fazendo versos, rimando,
e mandando o meu BOM DIA!

A MANSÃO CELESTIAL

Confia em Deus e segue-lhes os passos,
Não te deixes desviar dos Seus caminhos;
As tentações sugerem-te mil laços
Que poderão levar-te aos descaminhos.

Confia apenas nos estritos traços
Traçados por Jesus nos pergaminhos,
Foge das tentações, que vêm aos maços,
Que é larga a porta que conduz a espinhos.

Confia em Deus, não percas a esperança,
Pode até ser penosa e longa a estrada,
Como foi a escalada de Abraão.

Porque se a fé guardares, e a confiança,
Hás de ter, ao final dessa caminhada,
Preparada por Deus, uma mansão.

BOM DIA! – 05/05/2011

A trova é um instrumento
que condensa a inspiração,
vai buscar o sentimento
aonde for, no coração.

E eu vivo tocando trova,
nela buscando harmonia,
e uma paz que se renova,
cada vez que dou BOM DIA!

OS SEGREGADOS

Por que viveis, meninas, pelas ruas,
Qual mariposas abanando as asas,
Expondo às feras vossas formas nuas
Se devíeis estar em vossas casas?

E por que vós estais pelas cafuas,
Meninos das ralés e dessas vasas
Que vos mostram da vida as faces cruas,
Da morte – o fogo, as crepitantes brasas?

Por que, se vós devíeis, nas escolas,
Estar buscando do saber a glória,
Contentam-vos apenas as esmolas?

– Na hora da ganância e das partilhas,
Não sobrou para nós, pobres da escória,
Ficou tudo entre os membros das quadrilhas...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

BOM DIA! – 4/05/2011

O que o verso é para mim,
é difícil de dizer.
O céu? O mar? Um jardim?
Tudo isso pode ser.
Pode ser um vaga-lume,
a flor que brota do estrume,
ou um pesadelo medonho,
e pode até ser tristeza,
se eu vir pela correnteza,
descer meu último sonho.

Mas agora, entre os exemplos,
vou incluir alegria,
e a paz que reina nos templos,
ao lhes mandar meu BOM DIA!

A ESTRELA MATUTINA

No céu ainda brilhavam todas as estrelas,
Num baile singular de luzes cintilantes...
Cheguei mesmo a pedir a Deus para entretê-las,
E deixá-las brilhar, por mais alguns instantes.

Pedi que eternizasse a via látea ou, pelas
Preces e súplicas de todos os amantes,
Deixasse, ao menos uma, dentre todas elas,
A mais bela de todas dentre as mais brilhantes.

Foi quando eu vi surgindo por detrás de um monte
O sol, botando a testa de ouro no horizonte
Como querendo ver a resposta divina.

E Deus me ouviu, deixou, num céu azul já claro,
Esplendorosamente só, com um brilho raro,
A bela e fascinante Estrela Matutina.

terça-feira, 3 de maio de 2011

BOM DIA! – 3/05/2011

Se na Palavra eu medito,
Deus me mostra o que eu não via,
e transforma o meu conflito
em primícias de um BOM DIA.


PIRRAÇA

Nunca mais fez um verso, nunca mais!...
Já deve ter perdido a inspiração!...
Olhando a lua já não foi capaz
De fazer, como outrora, uma canção.

Das coisas belas já nem vê sinais,
Pressente, ao por do sol, a escuridão,
Olhando as cores – as enxerga iguais
E o seu lirismo já perdeu a unção;

Romântico, ele via nas manhãs,
As portas de cristal de um paraíso,
E esse prazer mostrava em seu sorriso.

Hoje, depois que o tempo deu-lhe as cãs,
Tirou-lhe o sal, tirou-lhe o doce e a graça,
E deixou-lhe o viver, só por pirraça.

segunda-feira, 2 de maio de 2011


Visit Beco dos Poetas & Escritores

BOM DIA! - 02/05/2011

Cada momento que eu passo,
com meus filhos, netos, noras,
é como se um bom pedaço,
do céu, me dessem por horas.

Talvez fosse de admirar,
ou de tirar o chapéu,
se acaso eu fosse contar,
as minhas horas de céu.

E olha que eu não mereço,
é apenas cortesia
que Deus dá desde o começo,
a quem lhe pede um BOM DIA!


CONSELHO

Deixemos de falar com certos tons,
Que possam ferir nossos semelhantes;
A aspereza da fala em duros sons,
Só nos revela fracos e arrogantes.

A força da palavra está nos dons,
Não na roupagem própria dos pedantes,
Mas na pureza de alguns homens bons,
E, talvez, no sussurro dos amantes.

Pela brandura é que a palavra insere
O bem maior do mundo, que é o amor,
A mansidão é o bálsamo da dor.

A palavra violenta apenas fere,
Mas não transforma e nem nos mostra a luz.
Vamos seguir o exemplo de Jesus.

Junho/07

domingo, 1 de maio de 2011

BOM DIA! – 1/05/2011

Nunca me sinto sozinho,
estribado em minha fé,
se eu fraquejo no caminho,
meu Deus me mantém de pé.

E sendo assim eu caminho,
Sempre em boa companhia,
com semelhante vizinho,
como não ter um BOM DIA!


MEU BOM COMPANHEIRO

Não são poucas as vezes que eu tropeço,
Nem pequenas as pedras do caminho.
Mas tenho a proteção de que careço;
Na caminhada, nunca vou sozinho.

De meu bom companheiro eu me avizinho;
Seguindo-lhe as pegadas, indefesso,
Meus passos firmo, meu andar alinho,
Porque seu sangue já pagou meu preço.

A carne é fraca, a força humana frouxa;
Se fico só, nas ardilosas garras
De satanás eu caio como um trouxa.

Preciso de Jesus, do seu poder,
Ele é quem me libera das amarras,
Só nele há vida, e o gosto de viver.

sábado, 30 de abril de 2011

BOM DIA! – 30/04/2011

A vaidade é coisa ruim,
não merecemos louvores,
a gente planta um jardim,
mas é Deus que enche de flores.

Eis aí mais uma trova,
que eu compus enquanto lia
a Bíblia, que é sempre nova,
e nos inspira um BOM DIA!

ESPAIRECENDO

(Ao meu pai – em memória)

Caminho pelas ruas sem destino, ao léu...
Como papai diria: – “para espairecer”.
Olhando em volta a vida, ao longe olhando o céu,
Eu contemplo a beleza desse alvorecer.

Aqui ladra um cachorro, ali canta um xexéu;
Uma criança chora ao peito – quer sorver.
Dissipa-se da bruma, pouco a pouco, o véu.
Neblina na baixada – hoje não vai chover.

Tropeço num buraco da calçada e tenho
Vontade de dizer um nome..., e me contenho;
Nem tudo é tão perfeito que não possa ter

Um buraco, uma pedra, um deslize, um defeito.
Só nosso Deus é bom, só Jesus é perfeito.
E eu volto a saborear os tons do alvorecer.



26/02/05

sexta-feira, 29 de abril de 2011

BOM DIA - 29-11-2011

Quem tece uma trova é poeta,
e eu sei como teço as minhas,
faço a agulha, da caneta,
da inspiração, faço as linhas.

Vai de presente esta trova,
que eu fiz enquanto chovia,
pensando uma coisa nova,
para mandar meu BOM DIA!


A ENCHENTE DO MEU RIO

Amanheceu chovendo em Santo Amaro,
O dia ficou feio, a noite fria,
Deixou-me um gosto de tristeza raro
E funda sensação de nostalgia.

O fantasma da enchente ronda e espia,
Exacerba-me o medo e o desamparo,
E apavorado fico devigia
Olhando o parvo rio, barrento e caro.

Mas ele cresce palmo a palmo e avança,
No seu dorso, violento agora, dança
Tudo que a correnteza alcança e arrasta;

E clama, e apavorado fica, o povo,
Até que se ouve a voz de Deus de novo
Dizer ao nosso rio querido: basta!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

BOM DIA! – 28/04/2011

Quando o verso é improvisado,
nem sempre nasce perfeito,
precisa ser burilado,
com carinho e muito jeito.

Mas às vezes ele sai
acabado como a jóia,
como uma fruta que cai,
como uma bolha que bóia.

Os versos assim são raros,
são poucos, e são achados,
vêm das mãos de Deus, são caros,
por si sós iluminados.

Procuro um com tal leveza,
com pureza e melodia,
pra que eu possa ter certeza,
que agradará meu BOM DIA!

A VOZ DE DEUS

Há poucos instantes o céu azul vibrava
O azul da cor de um céu ensolarado
E o Sol luzindo farpas de ouro, dava
Uns coloridos ímpares ao prado.

Tanta festa de luz maravilhava!
O céu, o mar, a terra, o descampado,
Tudo era lindo e tudo mergulhava
Num som de luz e cores, orquestrado.

Mas, de repente, a Voz de Deus ordena:
Mude-se em sombras o cenário e a cena,
Não quero que estas cores envelheçam.

E a barragem do céu abre as comportas,
Para que as plantas, antes quase mortas,
Recuperem-se e logo mais floresçam.

BOM DIA! – 27/04/2011

Tenho versos a fazer,
toda manhã no meu lar,
como vocês podem ver,
não paro de trabalhar.

É um trabalho prazeroso,
pra quem sabe versejar,
ainda mais que sou idoso,
não posso além de pensar.

digitar é uma rotina,
que a gente só usa os dedos,
o próprio teclado ensina,
não tem maiores segredos.

O que importa é o pensamento,
que o vejo pronto na tela,
que o envio solto ao vento,
como se fosse uma vela.

Talvez semelhe a um balão,
que vai cair não sei onde
e pousar num coração,
que sensível me responde.

que respondam ou que não,
é sempre a mesma alegria
de mandar meu coração
aos corações, num BOM DIA.

PERDÃO

Se alguém quiser fazer-te um mal, não deixes,
Se para tanto força te bastar;
Mas não guardes rancor e nem te vexes,
Que o coração foi feito para amar.

Enche-o de amor e multiplica os peixes,
Que as tuas mãos hão de saber doar,
Levando-os às porções, levando aos feixes
Aos que somente pedras têm pra dar.

Já quase a perecer de dor, Jesus,
Pregado no madeiro de uma cruz,
Pediu que perdoasse aos malfeitores.

Que custa, a nós que nem sofremos tanto,
Das faces, enxugar a dor e o pranto,
E perdoar aos nossos devedores?

BOM DIA – 26/04/2011

Eu vou falar do futuro,
que eu sei, só a Deus pertence,
como se eu visse no escuro
aquilo que a fé convence.

Meu tempo é curto, suponho,
Deus é quem sabe, acredito,
não comporta muito sonho,
mas isto não me foi dito.

Se Deus teima em me guardar,
mantém minha mente atenta,
por que parar de sonhar
mesmo perto dos oitenta?

Meu tardar não será vão
se na mente – a fantasia,
e o prazer no coração
de desejar um BOM DIA.

DEVANEIO

Eu estive nas nuvens por alguns instantes...
Vaguei por entre as mais belíssimas quimeras...
Cheguei a ver de perto as luzes mais brilhantes
E o perfume senti, de muitas primaveras.

O sonho transportou-me a páramos distantes,
Impossíveis lugares, fictícias eras,
Um privilégio só dos loucos delirantes
Como este que se deu todo a sonhar, deveras.

Sonhar é ver adiante a luz que não existe,
Luz que se apaga e deixa o sonhador tão triste!...
Quem ama sonha, o poeta sonha, sonha o louco.

Devia até ter razão Vinícius quando disse:
(O que aos olhos normais parece maluquice)
“Eterno enquanto dura”! – e como dura pouco!...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

BOM DIA! – 25/04/2011

Quando chove na varanda
sinto em cada pingo d’agua,
uma trova, uma ciranda,
que dentro de mim deságua.

São gotas que vão caindo,
e que me fazem lembrar,
de um tempo bom, muito lindo,
que nunca mais vou achar.

Da lembrança não me sai...
não devo falar por ora,
mas, cada gota que cai,
é como se fosse agora.

Nesta auréola, neste clima,
que mais parece magia,
é que eu fui buscar a rima,
para dar o meu BOM DIA.

MEU TUGÚRIO


Aqui neste tugúrio eu me confino
Para escrever, ou ler, ou meditar.
Persigo a ideia, busco-a e me fascino,
Ou me prostro, minúsculo, a orar;

Relembro o meu passado, e o meu destino
Antevejo complexo ou singular;
Ou fico cego e mudo, ou canto um hino –
Hosanas ao Senhor no seu altar.

Aqui neste meu claustro eu me desnudo,
Mostro-me a mim e a Deus me mostro. Faço
Mil votos de fugir do mal, contudo,

Vestido de cordeiro, o mal me segue...
Mas, se fraquejo ou se tropeço o passo,
Jesus me ergue e o mal não me consegue.

domingo, 24 de abril de 2011

UM BOM DIA – 24/04/2011

Eu sinto um prazer imenso,
quando arremato uma trova,
é como ficar suspenso
plainando com asa nova.

é um prazer que se renova
ficar pensando num tema,
que me sugira uma trova,
um cordel, ou um poema.

O verso é minha cachaça,
meu passa-tempo, meu vício,
um vício que sai de graça,
nem leva ninguém pro hospício.

É só pegar a caneta,
pensar um pouco no tema,
que, se você for poeta,
há de sair um poema.

E como faz bem a gente
fazer um verso! Eu diria,
que nada me faz contente
como tê-lo ao meu BOM DIA.

UM QUADRO ANTIGO

Menina, se eu desejar
Beijar-te as mãos, tu consentes?
– Beijos podem despertar
Certos desejos latentes...

Deixe-me agora oscular
As tuas faces nitentes,
E esses teus olhos fitar
Para sondar o que sentes.

Desejo beijar-te a boca,
Será que tu deixas? Coras?
– Tu queres deixar-me louca!...

Já te dei as mãos e as faces...
Mas a boca que me imploras
Só daria se me amasses.

BOM DIA 23/04/2011

A vida nos põe às vezes
na mão momentos de glória,
que comparado às revezes,
enobrece a nossa história.

Não estou falando de fama
nem tão pouco de poder,
pois bem maior que essa chama
é a chama do bem querer.

Chances que temos de dar,
de fazer alguém feliz,
não somente de falar,
mas de fazer o que diz.

Nisto concentro o meu gozo:
ter uma mente sadia,
um coração generoso
disposto a dar um BOM DIA!

AMOR AO PRÓXIMO

           Julho/97

Se o ser humano amasse como a si
Mesmo, o seu semelhante que está perto,
Quantas gotas de lágrimas eu vi
Lançarem-se num sáfaro deserto,

Que poderiam transformar-se ali
Em pérolas de risos entreabertos.
Quantas! Quantas pessoas eu feri
Podendo-lhes de flores ter coberto.

Enquanto o coração frígido dorme
Nós vamos praticando o mal enorme
De omitir o amor, num simples gesto...

Quando melhor pra todos nós seria
Dividir nosso pão de cada dia
Em vez de apenas dar migalha ou resto.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

BOM DIA – 22/042011

Certa vez ia passando
Numa calçada de rua,
Vi uma velha esmolando,
Maltrapilha, seminua nua.
Constrangeu-me aquela cena.
Eu fiquei morto de pena,
Movido de compaixão,
Reconheci a velhinha,
Ela teve uma casinha,
Fornecia refeição.



E eu também fui seu freguês
Dos seus PFs baratos
No tempo da escassez,
Lá eu batia bons pratos.
Estudante sem recurso,
Ela me ajudou no curso
E sem saber que o fazia.
Quando a vi naquele estado,
Eu me senti consternado,
Não foi pra mim um BOM DIA.

A RAINHA DO LAR

Curvo-me a Deus de joelhos, porque tenho
Sob os cuidados meus uma rainha,
Que se entrega com todo desempenho
Aos misteres da casa e da cozinha.

Nas horas vagas vão, com arte e engenho,
Suas belas mãos, com pano, agulha e linha,
Formando a cada ponto algum desenho,
E costurando a sua vida à minha.

É lindo vê-la lendo as escrituras,
Ministrando aos seus filhos, com ternuras,
A palavra de Deus – viva e gloriosa.

A dádiva de Deus mais excelente!
Dentre tantas mulheres, uma crente,
Exemplo vivo de mulher virtuosa.

quinta-feira, 21 de abril de 2011


Visit Beco dos Poetas & Escritores

BOM DIA – 21/04/2011

Eu cheguei ontem de viagem
uma viagem bem curta,
mas deu pra ver a paisagem,
e o chão coberto de murta.

Toda vez que vou lá fora,
que saio desta cidade,
vejo na fauna e na flora,
a própria felicidade.

Tive que voltar – foi pena,
pois minha missão me obriga,
um dia eu sacudo as penas,
e quem quiser que me siga.

Nesse lugar tão sonhado,
e cercado de poesia,
vou ficar olhando o prado,
tendo e mandando um BOM DIA.

EXTREMOS

A mocidade é como a luz, brilha e clareia;
Como a fogueira em chamas que crepita e arde;
A mocidade é como o sol, luz e incendeia;
É grito, é alvoroço, é movimento, é alarde.

Mas a velhice, não, é como um fim de tarde,
Presa fácil da noite que a enreda e enteia,
E que, sem pena a traga, a escuridão covarde.
Ah! Se ao menos tivesse a luz da lua cheia!

Uma folha caindo murcha e ressecada
É a esperança do velho, exânime, cansada,
Ao sopro extenuado e exangue de seu sonho.

É seiva a vida, é flor o sonho – esse colosso –
E o fruto sazonado é a esperança do moço;
Aos pés da juventude eu me prostro e me ponho.

BOM DIA – 20/04/2011

Quem perde o pudor e calma,
na corrida por dinheiro,
termina perdendo a alma.
que adianta o mundo inteiro?

Trabalhar é necessário,
e ganhar nosso sustento,
ter o nosso pão diário
para viver a contento.

Felicidade na gente,
é Deus que faz essa obra,
com pouco a gente se sente
completo, e ainda sobra.

É só botar o chapéu,
no lugar que o braço alcança,
e pode esperar que o céu,
vai lhe prover a bonança.

Eu falo assim com vocês,
porque assim é que fazia,
quando com pouco por mês,
eu sempre tinha um BOM DIA.

DESIDERATO

Do tempo que fluiu, célere e alado,
Cheio de amenidades e de atritos,
Mesclado de alegrias e conflitos,
De quedas e vitórias perpassado,

Ficaram-me as lembranças – doce fado!
Pedaços de papel com alguns escritos,
Alguns poucos amigos circunscritos,
E a sensação de amar e ser amado.

E não são poucas essas coisas grandes;
Parecem-me maiores do que os Andes,
Que do nosso Amazonas a floresta!

Elas são tão enormes no meu peito,
Que se eu pudesse até daria um jeito,
De eternizar o tempo que me resta.

BOM DIA 19/04/2011

Eu não vivo num casebre,
tão pouco numa mansão,
por luxo não tenho febre,
por miséria, também não.

Da classe média sou fruto,
e é nela que ainda estou;
o que tenho é porque luto,
e porque Deus me ajudou.

O meu prazer é a paz,
não o lucro, nem o ter,
o que tenho satisfaz,
mas preciso melhor ser.

Tentando estou, certamente,
e de forma correntia,
buscando constantemente
a Deus, que nos dá BOM DIA!

A BELEZA DA FLOR

Não tem nada mais lindo que uma flor,
E também nada igual em singeleza,
Deve de lhe ter dado, o Criador,
Quando pintava e bordava a natureza,

Muito mais atenção e mais leveza
Nas suas santas mãos, e mais amor...
Estaria também, e com certeza,
Nos seus melhores dias de humor.

Quando Ele a cada uma dava cor,
Devia estar nos dando uma lição
Que nos falasse fundo ao coração:

Que o belo não precisa ser luxuoso.
No coração de um homem virtuoso
Mora a simplicidade de uma flor.

BOM DIA! – 18/04/2011

O dia-dia da gente
carece meditação
porque passa de repente,
que nem jato de avião.

Começa no nascimento
vai até quando se morre
numa fração de momento,
e nem se vê que ele corre.

Nossa esperança, portanto,
não deve estar nesta vida
mas naquele lugar santo
nossa celeste guarida.

Tem que se ter um cuidado
pra conseguir passaporte,
andar com Jesus ao lado
até a hora da morte.

Depois é só alegria
é viver sempre contente,
e recebendo BOM DIA,
não só hoje, eternamente.


A LÁGRIMA DE DEUS

Como se fosse a lágrima pingente,
Que rolasse dos olhos marejados
De Deus, a estrela pálida cadente
Que eu vi descer dos céus estrelejados,

Fez-me pensar na dor de um Deus clemente,
Que viu, na cruz, os membros lacerados
Do filho amado, único e inocente,
Para salvar os homens dos pecados.

E penso que, depois de dois mil anos
De tanta espera e tantos desenganos,
Seu coração está cheio de mágoa,

Vendo o homem pecando sem limite,
Maculando o seu mundo, e Ele permite,
Mas fica com os olhos rasos d’água.

BOM DIA – 17/04/2011

O pensamento da gente,
voa mais que qualquer ave,
nem mesmo o maior vidente
pode alcançar esta nave.

que voando assaz, assaz,
às vezes perde os limites
e em vez de fazer a paz
vai construir dinamites.

Oremos por nosso povo,
e pelo povo distante,
que se faça um mundo novo,
e sem armas, doravante.

E que possa o mundo inteiro,
usufruir da alegria,
desse prazer costumeiro,
de ter e de dar BOM DIA.

O SONHADOR

Seu tempo, quase todo, célere, passou,
Fluiu, e o que lhe resta agora é muito escasso.
Só temo que não baste a quem tanto sonhou...
Ah, hão de sobrar sonhos porque falte espaço!

Sonhar foi sua marca, seu viver, seu traço;
De sonho em sonho a vida lhe embalou,
Foi uma mão possante e foi um forte braço,
Foi, nas horas de queda, o que lhe sustentou.

Viveu sempre sonhando e morrerá sonhando;
Se assim Deus permitir, morrerá laureado;
Deve morrer assim, a sonhar, delirando...

E ainda quer deixar aqui, na despedida,
Um sonho – a flor de um fruto a ser saboreado –
Onde ficar seu sonho, há de ficar sua vida.

BOM DIA – 16/04/2011

Acordei hoje pensando
quando éramos meninos,
e eu via meu pai cuidando,
dos pássaros pequeninos,
e os ensinando a cantar;
parecia estar no altar
tal a sua devoção.
Dizia ele – “com ave
o lar fica mais suave” –
com a gaiola na mão.

Revivendo esta lembrança,
eu tive muita saudade,
e virei quase criança,
até chorei de verdade.
Mas a lembrança foi boa
até hoje ainda me soa
o canto do cardeal
fazendo meu pai sorrir...
eu nunca mais vou ouvir
um outro, que cante igual.

Hoje estou cantando loas
apesar da nostalgia
as nossas lembranças boas
trazem-nos sempre um BOM DIA

NO RESTAURANTE DE TIJOLINHO

Os três Mesquitas são os condutores
De um papo inteligente, sóbrio e ameno:
Pamí, fala do extinto ganso, obsceno,
E Clovis fala dos agricultores;

O Flamarion, amante do sereno,
Cria e recria estórias e atores,
E Zé Roberto goza dos sabores
De um prato predileto – bom e pleno.

Geraldo Salles ergue a voz e conta
Um fato novo, e o faz temático;
O Virgílio contesta sistemático.

E eu, que ouvinte sou de boa monta,
Escuto a discussão acalorada
Enquanto desce fria a madrugada.

BOM DIA – 15/04/2011

Hoje aqui no meu pedaço,
o céu roncou pra valer
lançou laminas de aço,
e começou a chover.

Choveu forte nas caladas,
e o sol não apareceu,
como em outras invernadas
sentiu frio, se recolheu.

Mas, deixar não vou, por isso,
de mandar, jamais faria,
de cumprir meu compromisso
de desejar um BOM DIA.

UMA FOLHA RENDADA

Ao meu irmão, Geraldo Salles, que me ofereceu o livro, em cujas páginas estava a folha.

Passando as páginas de um livro antigo,
Que me chegara às mãos como oferenda,
Uma folha encontrei, já feita em renda
E que classificá-la não consigo.

Não sou uma pessoa que entenda
De plantas e de folhas; desse artigo,
Nada percebo e quase nada digo
Com medo que depois eu me arrependa.

Necessária se faz a douta vista,
Para classificar-lhe a espécie e a idade,
De um competente e probo especialista.

E para dissecar a folha dita
Devo solicitar a idoneidade
De nosso amigo Clovis de Mesquita.

BOM DIA – 14/04/2011

Sonhei hoje com o mundo
diferente do que é,
sem o homem iracundo,
um mundo cheio de fé.

Um mundo cheio de atletas,
e cheio de homens santos,
abarrotado de poetas,
versos por todos os cantos.

Acordando e meio aréu,
fui logo me perguntando:
estou morando no céu,
ou será que estou sonhando?

Peguei a deixa do sonho
e num só pulo, de jia,
vim transcrevê-lo, e proponho
que todos tenham BOM DIA.

ÁGAPE

O verdadeiro amor de troca não carece
Pratica o verbo dar como ensina Jesus
Não visa recompensa e crê que a não merece
Ante o exemplo maior pregado numa cruz.

O prazer de quem dá com o coração em prece,
É saber que o seu gesto pouco a pouco produz,
No âmago de alguém, uma chama que cresce,
A esperança que nasce – uma réstia de luz.

Fazer alguém feliz – clarear-lhe o caminho,
Dar o ombro a quem chora – a mão ao seu vizinho,
Basta olhar para a cruz no topo do calvário.

Quem ama Jesus Cristo tem o amor na alma,
E generosamente abrindo a mão espalma-a,
E deixa o bem fluir – do amor o corolário.

BOM DIA – 13/04/2011

Eu não sei por que hoje estou
um pouco desanimado,
até pensei: hoje vou
decretar-me um feriado.

Todo mundo tem um dia,
toda classe e profissão,
e por que, que o meu BOM DIA,
não vai ter o seu então?

Talvez eu faça um decreto,
ou medida provisória,
ou posso dar o meu veto,
e não torná-la notória.

Vou pensar. Estou pensando,
e quem crê em mim confia,
enquanto isso eu vou mandando
cordialmente um BOM DIA!

MOMENTO DE ORAÇÃO

Oh Deus! Oh poderoso Deus dos Universos!
Oh Deus! Oh majestoso Deus do firmamento!
Oh Deus do mar, oh Deus da terra e dos meus versos!
Enche-me o coração de luz, sopra-me o vento

Da santa inspiração no embrião do pensamento,
E dá-me versos de louvor, em luz, imersos,
Que a ti, somente, louvem, Pai, neste momento
E nos outros momentos – todos: bons e adversos.

Quero que em cada gesto meu vejam-te, sim,
Que eu não mais viva, mas que Cristo viva em mim,
Que os meus passos persigam, passo a passo, os seus.

Eu não quero fazer tanta coisa que faço...
Recompõe-me, Senhor, pedaço por pedaço,
Porque sem tuas mãos eu não consigo, oh Deus!

BOM DIA – 12/04/2011

Deus me deu este lugar
onde moram três pessoas,
eu, que vivo a divagar,
e duas mulheres boas:

minha neta, que é um mimo,
minha mulher – uma santa,
eu faço versos e rimo,
e assim a paz nos encanta.

Mas a casa, vez em quando,
e quando menos se espera,
abre a porta e entra um bando
como aves da primavera.

Entram meus filhos, tão bons!
E, às algazarras, os netos.
comemos bolos, bombons
fazemos novos projetos.

E assim, vou passando a vida,
como quem crê, quem confia
no Deus que me dá guarida,
e me dá sempre um BOM DIA.

A PORÇÃO QUE BASTA

A língua cálida do sol lambe meu quarto
Quando desperta alegre a luz clara do dia,
Refeito do cansaço eu me levanto e parto
Para o trabalho diário – a santa correria;

Tomo um gostoso banho numa ducha fria,
Confesso minhas ânsias, com Deus as reparto;
Barbeio-me ao espelho e canto de alegria,
Pois na mesa me espera um café bom e farto.

Quanta ventura eu tenho!... Quanta! E quanta graça!...
O café da manhã... A ducha fria... Um teto...
Na mesa muitos pratos, e o meu predileto!

Mas em volta de mim... Quanta gente que passa
Pedindo servilmente um pedaço de pão!...
E olhe que a todos Deus deu a mesma porção!

BOM DIA – 11/04/2011

Eu estou, (é bem cedinho)
sentado aqui no meu canto,
onde eu faço com carinho
meus versos quando levanto.

Eu não sei por que razão,
não me ocorre nenhum tema,
nem pra fazer um refrão,
muito menos um poema.

Conspiram pra que eu padeça
de falta de inspiração!
eu não sei se é a cabeça
ou se é mesmo o coração.

Mas vou ficar matutando,
mesmo de alma vazia,
quem sabe, não vem plainando
e cai pronto o meu BOM DIA?

CASMURRO

Fechado em si, jogou a chave fora,
Pra não tentar consigo mesmo abrir-se;
De olhar quase gelado, ao consumir-se,
Nem mesmo empalidece, ou mesmo cora.

Nunca se sabe o que não gosta ou adora;
A tez é macilenta, a confundir-se –
Mesmo a chorar ou até mesmo a rir-se –
Com a face cuja alma foi-se embora.

Num túmulo ou sarcófago ele guarda
Envolta e abscôndita , sua alma
Com a mais inconfessável das paixões;

E por mais que lá dentro a dor lhe arda
Conserva na aparência a fria calma,
A calma enganadora dos vulcões.

BOM DIA – 10/04/2011

Eu estava procurando
uma certa informação,
alguém que ia passando,
e ouviu a minha questão,

parou e disse: – senhor,
tá vendo aquela menina,
que tem na mão uma flor?
Fica bem naquela esquina.

Aquele homem do povo
sem saber o que fazia,
ofertou-me um mote novo
para eu fazer meu BOM DIA.

INSÔNIA

São poucas, são pouquíssimas, são raras
As insônias nas minhas madrugadas;
Trazem-me luz a luzes apagadas,
Por isso mesmo elas me são tão caras.

Não maldigas, insones, nas caladas,
Não nas chames de tristes nem de amaras,
Tais horas, que nos dando idéias claras
Trazem-nos soluções inusitadas.

São quase sempre muito mais danosos
( Sem se falar na perda irreparável )
Certos cochilos em dias luminosos...

A insônia não é tão abominável...
Ela nos traz os versos mais formosos...
Bendita sejas tu, oh insônia amável!

BOM DIA – 9/04/2011

A manhã de hoje é fria,
chove fininho lá fora,
esse friozinho da Bahia,
que chega, mas não demora.

Nossa Terra tem o dom
de temperar nosso clima,
é a Terra da cor, do som,
e que todo o mundo estima.

Aqui se dorme alegria,
se sonha, sonha mais lindo,
e quem já veio à Bahia,
bem sabe, não estou mentindo.

Um sono bom como quê...
Sonhar aqui é melhor,
um dia eu ponho um CD,
e conto um que eu sei de cor.

Aqui é melhor pra tudo,
e tudo é bom na Bahia,
eté mesmo, sobretudo,
o prazer de dar BOM DIA!


EM MEMÓRIA DE MINHA MÃE

Tão moça tu te foste desta lida!...
Tão cedo para o céu foste morar!
Foi porque Deus de amou demais, querida,
Que não teve paciência de esperar.

Não te quis ver sofrendo, nem ferida
Um’alma pura e linda, e quis levar;
Poupou-te das agruras desta vida,
Preparando-te logo um bom lugar.

Certamente, na sua sã sapiência,
Previra Deus a minha resistência
Para sobreviver à dor sem par.

Mas até hoje, mãe, ainda penso...
E, egoisticamente, estou propenso,
A pedir, se puderes, pra voltar.

BOM DIA – 8/04/2011

O ciúme é uma semente
que não serve pra ninguém,
faz muito mal a quem sente,
e a quem causa, não faz bem.

Esta trova me chegou
e a luz do sol nem nascia.
o verso me cochichou:
– Levante, vá dar BOM DIA!


...E SE EU GOSTAR, JÁ BASTA

Já não escrevo mais com lápis ou caneta,
Não me debruço, pois, sobre o papel pautado,
E tanto faz se a tinta é verde, azul ou preta,
Só não posso ficar com meu “PC” quebrado.

Estou ficando velho, mas não sou “careta”,
Não quero ver meu tênis, lá, dependurado,
Sei que ainda me resta um pouco da faceta,
Que ainda posso usar do dom que me foi dado.

Os neurônios, bem sei, não estão com tanto fogo,
Mas eu os exercito, e peço mais um jogo,
O último talvez ao que minha fé me arrasta.

Não me deixem na mão é o que lhes peço agora,
Quero fazer ainda um verso à luz da aurora.
Que ninguém goste até. Que eu goste. Isto me basta.
11/08/10

BOM DIA – 7/04/2011

A fonte do pensamento
Deus a fez inesgotável.
É como a fonte do vento
é dEle que vem. Notável!

O pensamento jorrando,
faz-me a vida mais sadia;
vem sempre um verso cantando
na hora de dar BOM DIA.


FRUTO DO PECADO
De um barro imaculado, virgem, puro,
Foi concebido o homem – sem pecado;
Projeto de Deus feito com futuro,
Pois semelhante a Ele foi talhado.

De que o fizera bem ficou seguro,
Tanto até que achou bom o ser criado,
Dera-lhe vida um sopro com apuro,
Livre o fizera, tanto quanto amado.

No entanto entre milhares de centenas
De árvores uma só, um fruto apenas,
Para implantar limites, escolheu.

–E disse Deus: do fruto separado
Não comereis – é o fruto do pecado!...
Mas o diabo insistiu e ele o comeu.

BOM DIA – 6/04/2011

Olhando do mar a face,
vejo Deus soprando a brisa,
desde quando a manhã nasce,
até que a tarde agoniza.

E de noite eu olho o céu,
e vejo Deus estendendo
gigantesco negro véu,
pondo estrelas e acendendo.

Vejo às vezes que flutua
uma bola cor de prata,
é Deus colocando a lua,
vejam como Ele nos trata.

se lembrou até de mim,
de mim, que nem merecia,
e me mandou, mesmo assim,
a inspiração de um BOM DIA!


QUE NÃO MORRAM OS SONHOS

Raymundo de Salles Brasil
A luz brilhava na estrada
Por onde, jovem, passei,
Por sonhos iluminada...
E afoitamente viajei.

Na ânsia desta jornada,
Muitas rampas escalei,
Espinhos de ponta afiada
Com os pés descalços pisei.

Hoje chego ao fim da estrada;
Não quero flores nem festa.
Só quero sonhar, mais nada,

Ver em pequenos tamanhos,
Na pouca luz que me resta,
Ainda luzindo os meus sonhos.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

BOM DIA – 5/04/2011

Nem tudo é sempre alegria,
seria até bom que fosse,
que fosse um dia após dia,
chocolate, manga e doce.

Mas não é, tem dias feios,
tem dia até que é perfeito,
os de sonhos, devaneios,
tem dia de todo jeito.

Devemos então, proponho,
por todos agradecer,
porque nem sequer, suponho,
fazemos por merecer.

São todos dados de graça,
nos compete a cortesia,
de agradecer quando passa,
e desejar um BOM DIA.

DEIXE O RISO FLUIR

Nunca fez mal um pouco de alegria,
Não pode, não cerceie uma risada,
Não faça sombra ao sol, à luz do dia,
Deixe explodir com graça a gargalhada.

Na face se reflete uma magia
Tal e qual nas campinas a florada,
O riso é como a flor desabrochada,
Ou como a nota de uma melodia.

Você fica mais puro se sorrir,
E muito mais bonito, se, no rosto,
Um sinal de alegria refletir.

Tire d’alma o rancor, tire-o da mente,
Tire da face as marcas do desgosto,
Deixe brilhar a luz de um sol nascente.

Salvador, 14/10/08

BOM DIA – 4/04/2011

Existem várias maneiras
de a gente gozar a vida,
desde as simples brincadeiras
ao trabalho sério, à lida.

Tudo com decência e ordem,
é o conselho mais prudente,
a diversão sem desordem,
junto ao trabalho decente.

Meio termo é o mais sadio,
a virtude está no meio,
nem trabalhe horas a fio,
nem fique só no recreio.

O trabalho dignifica,
se for um trabalho honesto,
e o lazer nos gratifica,
Com seu gozo manifesto.

No meu caso é exceção,
sem trabalho, é só folia,
mas muita satisfação
na hora de dar BOM DIA.

O PEDESTAL DO POETA

Para mim, fazer verso é predestinação,
O verso me acompanha, vem desde a matriz.
Entretinha-me ouvir uma declamação,
No grave de meu pai, de quem fui aprendiz.

Cresci ouvindo verso e prestando atenção.
Como recordo ainda! A voz rouca e feliz
De minha tia e mestra lendo: “eu tive um cão...”
E escrevendo Camões, no quadro-negro, a giz.

Por um tempo tentei fugir de qualquer verso,
Foi tudo em vão, no entanto, o verso me seguindo,
Correndo atrás de mim corri todo o Universo

Até não poder mais, curvei-me à nossa estima,
E o pedestal do poeta me acolheu sorrindo:
A palavra sonora, a inspiração e a rima.
2/04/2011

BOM DIA – 3/04/2011

Já que tempo vai passando,
vou ficando acostumado
a já levantar pensando
e tendo um verso atrelado.

E se é bom acordar cedo,
é saudável este vício,
rimar não me mete medo
nem nunca foi sacrifício.

Aliás, eu recomendo
que todos trenem trovar,
aa trova, fiquem sabendo,
é gostosa de tomar.

Faz bem à cuca da gente,
e à noss’alma, nem se fala,
quando ela vem de repente
toda nossa dor se cala.

Minhas manhãs, inauguro
co’ essa dose de alegria,
esse remédio seguro:
faço trova e dou BOM DIA!

DIAS AZIAGOS

Tem dias como hoje, a gente acorda ruim,
Carpindo uma saudade sem saber de quê...
E fica tudo triste e a gente fica assim,
Todo sem graça - até que todo mundo vê.

– Você está macambúzio... O que é que tem você?
Minha mulher pergunta, sem saber em fim,
Que até mesmo eu não sei, na verdade o porquê,
Só sei que uma saudade enorme eu sinto em mim.

– Deve ser isso... Aquilo... Ela vai perscrutando...
O seu olhar de lince vai me penetrando...
Finalmente conclui depois que muito insiste:

Mas isso passa logo, você logo esquece...
E ela acaba falando como se soubesse
Porque tanta saudade, porque estou tão triste.

BOM DIA - 2/04/2011

Completam-se hoje afinal
os oito dias de molho,
e esse poeta matinal
já tem aberto o seu olho.

As exigências são menos,
já são passados uns dias,
se meus olhos não estão plenos,
são muitas as alegrias.

O doutor teve destreza,
ao fazer a intervenção,
mas tenho toda certeza,
Deus deu luz à sua mão.

Pois em plena cirurgia
ficamos todos no escuro,
mas a mão de Deus luzia,
e fiquei muito seguro.

Foi sugada a catarata,
colocado o cristalino,
deram-me naquela data
uma vista de menino.

E pouco a pouco eu fui vendo
muito melhor do que via.
Eis-me aqui agradecendo
e desejando um BOM DIA.

MINHA TERRA

Eu nasci num município,
Famoso pelos seus feitos,
Que foram desde o princípio,
Defensores dos direitos.
Livre de consciência,
Lutou pela independência.
Com bravura e com denodo
Pra libertar os escravos,
Ajudou, com muitos bravos,
Tirar o Brasil do lodo.

Pois foi ali que eu nasci,
E contente como quê,
porque lá eu descobri,
que os heróis do massapé,
são poetas, são valentes,
e que com brilhantes mentes,
defenderam com amor,
sua Terra, sua gente,
com bravura, com labor.

Seu povo é muito bairrista,
De consciência civil,
e espalha muitos artistas
Pelos rincões do Brasil.
Talvez eu nem necessite
Dizer, nem dar um palpite,
O que vai acontecer,
Pois quem tiver um bom faro,
Vai descobrir Santo Amaro,
No que acabo de dizer.





"Posso todas as coisas naquele que me fortalece"