domingo, 14 de novembro de 2010

UM CANTO PARA NÓS DOIS

Eu continuo lhe amando como outrora,
Como nos velhos tempos calorosos
De nossa vida a dois, vida que agora,
Depois de que ficamos mais idosos,

Há de nos dar anelos afetuosos
Todos os dias, pela vida afora,
Que nos aquecerão nos invernosos
Dias do amor platônico que aflora.                   

Se a carne nos faltar com os seus desejos,
Não nos falte o carinho de nossos beijos,
Nem nossa vida a dois com o nosso afeto.

Que o cavalheiro aqui e a sua dama
Vivam felizes sobre a mesma cama,
À mesma mesa e sob o mesmo teto.


domingo, 7 de novembro de 2010

DEVANEIO

Eu estive nas nuvens por alguns instantes...
Vaguei por entre as mais belíssimas quimeras...
Cheguei a ver de perto as luzes mais brilhantes
E, o perfume senti, de muitas primaveras.

O sonho transportou-me a páramos distantes,
Impossíveis lugares, fictícias eras,
Um privilégio só dos loucos delirantes
Como este que se deu todo a sonhar, deveras.

Sonhar é ver adiante a luz que não existe,
Luz que se apaga e deixa o sonhador tão triste!...
Quem ama sonha, o poeta sonha, sonha o louco.

Devia até ter razão Vinícius quando disse:
(O que aos olhos normais parece maluquice)
“Eterno enquanto dura”! – e como dura pouco!...

FRUTO DO PECADO

De um barro imaculado, virgem e puro,
Foi concebido o homem – sem pecado;
Um projeto de Deus feito com apuro,
E, à Sua semelhança, modelado.

De que o fizera bem ficou seguro,
Tanto até que achou bom o ser criado,
Dera-lhe plena vida o sopro puro,
Livre o fizera, tanto quanto amado.

No entanto entre milhares de centenas,
Uma árvore só – um fruto apenas –,
Para implantar limites, escolheu.

–E disse Deus: do fruto separado
Não comereis – é o fruto do pecado!...
Mas o diabo insistiu e ele o comeu.    






"Posso todas as coisas naquele que me fortalece"