terça-feira, 31 de julho de 2012

ALGUMAS TROVAS



Se acaso eu não receber
Dez abraços, como avô,
Acho, não, se eu não morrer,
Vou ficar borocochô,

O tempo pode apagar
Até lembranças de um rosto,
Mas um momento invulgar,
Jamais será um sol posto.

Não a prendi no papel,
Bateu asas minha trova,
Que, como menina nova,
Era doce como o mel.

A gente passa depressa,
A mocidade se esvai,
E finalmente tropeça
No palco da vida, e cai.

O meu último desejo
Realizar eu preciso,
É sepultar o meu beijo
Na cova do teu sorriso.

Agora sei, com certeza,
a cor desse lindo olhar,
eu a vi na correnteza
das verdes ondas do mar.

Debalde já me dei tanto
Que nem me lembro de mim,
Mais eu faria, entretanto,
Novamente tudo, enfim.

Quintana disse-me a mim,
Usando as suas facetas,
Que eu cultivasse um jardim
E aguardasse as borboletas.

Se você faz uma trova,
Mesmo cheio de tristeza,
Dá-lhe forma, põe-lhe à prova,
Fica feliz, com certeza.

Eu vivo feliz, sorrindo,
Dizem que ando rindo à toa,
Que assim seja, ele é bem vindo,
O meu riso é coisa boa.

Meu pé de jabuticaba
Botou depois de trinta anos;
A esperança não se acaba,
Vou morrer fazendo planos.

Numa flor bonita e doce,
Uma abelha se deleita
A sugar, como se fosse
Sua última colheita.

Ouvi de todos os cantos
Aplausos ao PORTAL CEN,
Pelos seus dotes e encantos
Dissemos todos – AMÉM.

Que coisa boa, que paz,
Na cara desse pretinho,
Só de olhar pra ele faz
Muito bem. Que bonitinho!

Deus foi bom com seu Raymundo,
Que linda família tem
Sendo o mais feio do mundo
Sem merecer um vintém.

A esperança nunca morre,
Já diz um velho ditado;
Quem tem o Deus que socorre
Não fica desesperado.

Eu sei em quem tenho crido:
Em Jesus, meu Salvador,
Novamente fui nascido
Para a glória do Senhor.

Viajei no tempo, é vero,
E o fiz sem nenhum dolo,
Quando eu dançava bolero
No salão “Filhos de Apolo”.

È meu, é seu, de quem mais,
Nesses regatos serenos,
Quiser navegar em paz,
Em quatro versos pequenos.

Um amigo verdadeiro,
Assim como meu cachorro,
Procurei no mundo inteiro,
Cancei-me, quase que morro.

Seguro de si um gato,
Causou sensação enorme,
Quando, tranquilo, de fato,
Esparramado ele dorme.

Quanta saudade que tenho
Desse tio, meu velho amigo,
Quero conter, não contenho,
As lágrimas – não consigo.

Você com tanta vaidade,
E que tanto se pintou,
Atente a simplicidade
Dessa flor que Deus criou!

Minha neta ficou muda,
Não fala, não ri, não canta,
Ela está com crise aguda,
Coitadinha, de garganta.

Quem curte fazer o bem,
Quem pratica esse conceito,
Naturalmente que tem
Um pouco de Deus no peito.

Quando escrevo ou quando oro
Confesso os pecados meus,
E mais de que quando choro,
Fico mais perto de Deus.

Comece a escrever agora,
Escrever é começar,
Quando o pensamento aflora,
O papel é o seu lugar.

Se acaso eu não receber
Dez abraços, como avô,
Acho, não, se eu não morrer,
Vou ficar borocochô,

O tempo pode apagar
Até lembranças de um rosto,
Mas um momento invulgar,
Jamais será um sol posto.

Não a prendi no papel,
Bateu asas minha trova,
Que, como menina nova,
Era doce como o mel.



UMA TROVA PERDIDA


Na calada da noite um verso eu fiz,
Tal se de quatro cordas fosse a prima,
Não me importava o tema, apenas quis
Mostrar à noite escura a grande estima

Que nutre pela trova este aprendiz.
Travou-se no momento certo clima,
Ficaram tête-à-tête, vis-à-vis,
Da noite – a escuridão, do verso – a rima.

No vértice da terra o sol nasceu,
E a trova ficou pronta, ficou linda,
Do pouco que me lembro dela ainda,

Pois arribou tão logo amanheceu.
Se uma andorinha boa a achar, prometo,
Dar-lhe, por gratidão, este soneto.

Porteira Verde, 29/07/2012

segunda-feira, 23 de julho de 2012

FOI DEUS QUEM FEZ O MUNDO, E O FEZ EM CORES


Depois de pronta, Deus derramou tintas,

Sobre a face da terra, de mil cores,

Para que eu sinta e que também tu sintas

Seu grande amor olhando os beija-flores.



Eu vou falar e peço que consintas,

Amados meus, senhoras e senhores,

De mãos hábeis e mentes tão distintas,

Artistas do pincel, nobres pintores:



Não fora o amor de Deus por nós humanos,

Capazes de enxergar muitos matizes,

Teriam graça os céus e os oceanos?



E, beleza, a floresta e os seus cantores,

Sabiás, curiós, canários e perdizes,

Se não lhes desse Deus, diversas cores?

domingo, 15 de julho de 2012

UM HINO À MULHER


            
Por mais até que se queira,

E nunca ninguém o quer,

Prescinde-se a vida inteira

Da presença da mulher.



Mulher é coisa sagrada,

Foi tirada da costela,

Faz uma falta danada

Se a gente fica sem ela.



Tem quem se mate, quem morre,

Tem quem tenha depressão,

Se a mulher não lhe socorre

As dores do coração.



A mulher é coisa boa,

E companheira ela é,

De certo não foi à toa,

Não foi tirada do pé.



Deus a tirou da costela,

E a fez para ser amada,

No capricho fê-la bela

Pra ser nossa namorada.



Mas também Deus a fez santa

Porque mãe a fez também,

Se aos olhos do filho encanta,

Todo mundo diz amém.



É cantada e recantada

Por poeta e prosador,

É a perfeição encarnada,

Obra prima do Criador.



Sem o charme da mulher,

Que de vez em quando passa,

Teria o mundo sequer,

Por acaso, a menor graça?



Entendam, jamais diria,

Que o homem não tem valor,

Mas o homem sem Maria...

Paciência! É um horror!



Vamos tratar a mulher,

Esse ser quase divino,

Com amor, como Deus quer,

A mulher merece um hino.







"Posso todas as coisas naquele que me fortalece"