domingo, 19 de dezembro de 2010

MENINA

Musicado por Marcos de Salles Brasil

Morena, tu queres
Ser magra, franzina
Como essas mulheres
E muitas meninas
Escravas da moda?
Tu queres morena
Perder teu corpinho
Tão belo? Que pena!
Deixá-lo igualzinho
Ao corpo da roda


Que pensa que a bela
Menina-beleza
Só existe naquela
Menina-magreza?
E esquece do charme
Dengoso, felino,
Formoso e perfeito
De um corpo menino
Redondo, bem feito,
Moldado na carne?


Te lembres menina
Que deves cuidar
Da alma que anima
Teu corpo, e zelar
Com muito mister.
Pois a alma, morena,
É que faz da menina,
Seja grande ou pequena
Seja gorda ou franzina,
Uma linda mulher.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

NO RESTAURANTE DE TIJOLINHO

Os três Mesquitas são os condutores
De um papo inteligente, sóbrio e ameno:
Pamí, fala do extinto ganso, obsceno,
E Clovis fala dos agricultores;

O Flamarion, amante do sereno,
Cria e recria estórias e atores,
E Zé Roberto goza dos sabores
De um prato predileto – bom e pleno.

Geraldo Salles ergue a voz e conta
Um fato novo, e o faz temático;
O Virgílio contesta sistemático.

E eu que ouvinte sou, de boa monta,
Escuto a discussão acalorada
Enquanto desce fria a madrugada.

UMA FOLHA RENDADA

                            Ao agrônomo Clovis Nery de Mesquita 

Passando as páginas de um livro antigo,
Que me chegara às mãos como oferenda,
Uma folha encontrei, já feita em renda,
E que classificá-la não consigo.

Não sou uma pessoa que entenda
De plantas e de folhas; desse artigo,
Nada percebo e quase nada digo
Com medo que depois eu me arrependa.

Necessária se faz a douta vista,
Para classificar-lhe a espécie e a idade,
De um competente e probo especialista.

E para dissecar a folha dita
Devo solicitar a idoneidade
De nosso amigo Clovis de Mesquita.

domingo, 5 de dezembro de 2010

MOMENTO DE ORAÇÃO

ROMANOS 7:15
Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço.


Oh Deus! Oh poderoso Deus dos Universos!
Oh Deus! Oh majestoso Deus do firmamento!
Oh Deus do mar, oh Deus da terra e dos meus versos!
Enche-me o coração de luz, sopra-me o vento


Da santa inspiração no embrião do pensamento,
E dá-me versos de louvor, em luz imersos,
Que a ti, somente, louvem, Pai, neste momento
E nos outros momentos – todos: bons e adversos.


Quero que em cada gesto meu vejam-te. Sim,
Que eu não mais viva, mas que Cristo viva em mim,
Que os meus passos persigam, passo a passo, os seus.


Tudo, entretanto, que eu não quero, isso é que faço...
Recompõe-me, Senhor, pedaço por pedaço,
Porque sem as tuas mãos eu não consigo, Oh Deus!





REGRESSO A SANTO AMARO

Nesta terra bendita eu fui gerado,
Neste amado torrão cresci fagueiro
Olhando o Subaé serpenteado
E as chamas crepitantes dos palheiros;

Neste chão fértil, preto, açucareiro,
Da cor do braço forte escravizado,
Que tem legado ilustres brasileiros,
Também muitos heróis assinalados.

Como a ave que arriba e as asas solta,
E o precioso alimento vai buscar
Noutro lugar, eu fui buscar o pão;

E como o filho pródigo que volta,
Volto ansioso a correr pra lhe abraçar
E – humildemente – vou beijar-lhe o chão.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A MINHA CAMINHADA

Aos meus filhos



Meus caminhos não foram dos piores,

Mas tive que enfrentar muitas barreiras,

Pelas beiradas vi nascerem flores,

Das minhas caminhadas, as herdeiras.



Elas foram pintando de mil cores,

As ásperas jornadas nas pedreiras,

Fizeram-me chegar, esses amores,

Onde cheguei e sem deixar esteiras.



Hoje cantando hosanas, dando glórias,

Devo-as a Deus somente, essas vitórias,

E as flores que nasceram no caminho.



As vezes que chorei, não choraria

Se eu antevisse a paz que hoje em dia

Reina em meu coração. Ah, se adivinho!





"Posso todas as coisas naquele que me fortalece"