segunda-feira, 25 de junho de 2012

Trovas


Ao que canta, basta o canto,
para carpir sua dor,
para derramar seu pranto,
basta a trova ao trovador.


Na minha grande fraqueza,
num poço fundo, sem luz,
descobri a fortaleza,
da mão firme de Jesus.


Depois de tantas andanças,
ao velho restam seus ais,
voltar a velhas lembranças,
recordá-las, nada mais.


A trova não tem ciência:
carece de intuição,
um pouco de inteligência
e de muita inspiração.


O belo sol nascediço,
vem de luz encher meu quarto;
eu acordo, e me espreguiço,
e agradecido me farto.


Quem me dera um dedo só,
o menor da minha mão,
da paciência de Jô,
da fé que teve Abraão.


Não teriam mais sentido
meus sentidos sem você,
pois fico todo perdido
quando um deles não lhe vê.


Tem três fases na gaveta
da vida de um velho pai:
a de rei, a de careta,
e a de bom, quando ele vai.


A cor dos teus olhos faz
o que só fazem os vinhos:
Me embriaga e é bem capaz
de embriagar os vizinhos.


Se tenho amor nas entranhas,
e se cultivo o perdão,
as suas faltas tamanhas,
perdôo-as de coração.


Eu não consigo ocultar
a dor que aqui dentro sinto,
se a boca tenta negar,
meus olhos mostram que minto.


Deus excede a imensidão
dos campos, dos céus, dos mares,
mas cabe em teu coração
se humildemente O buscares.


Se meu presente é tão bom,
eu devo muito ao passado,
ele foi que deu meu tom,
e me manteve afinado.


Somente tenho singrado
em águas rasas, serenas,
eu sou barco sem calado
e tenho velas pequenas.


Há certo tipo de amor
que a gente nunca se esquece:
na lembrança – morta a flor –
seu perfume permanece.



quinta-feira, 14 de junho de 2012

SEXTILHA




Vamos falar de saudade...

Já falaram tanto dela!...

Depende da intensidade

Pode até deixar sequela.

Num velho da minha idade...

Podem preparar a vela.

domingo, 10 de junho de 2012

SEXTILHA


Desta abóboda celeste

Deste grande céu de anil

Que cobre o mundo da gente

E cobre o nosso Brasil

Que caiam celeremente

Das mãos de Deus bênçãos mil.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

SEXTILHA


Eu procurava um motivo

Para fazer um poema

Que só tivesse seis versos,

E nada de achar um tema;

E a sextilha, mesmo assim,

Ficou pronta, sem problema.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

SEXTILHA


Da margem do rio, eu vi,

Que uma flor murcha boiava,

E o canto de um bem-te-vi,

Na hora que ela passava...

Fiquei pensando dali,

As voltas que o mundo dava.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

SEXTILHA


À minha esposa, que tinha uma voz linda.



Ouvindo o canto suave

No pé daquele dendê,

De singularíssima ave,

Eu me lembrei de você,

Que cantando em qualquer clave

Era lindo como quê.

domingo, 3 de junho de 2012

SEXTILH A


Despretensiosos meus versos

De qualquer erudição

Pela internet dispersos,

De voo rasante eles são,

Mas foram todos emersos

Do fundo do coração.

sábado, 2 de junho de 2012

SEXTILHA


Homens de bem, vejo poucos,

No Congresso Nacional,

Vejo mudos, vejo moucos,

Bajuladores do mal,

Os de bem são muito poucos

Pra dar fim à bacanal.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

SEXTILHA


Viver pensando na gente

E desprezar os demais,

Não faz a gente contente

E nem nos enche de paz.

Pois quem ama a si somente,

Nem de amar-se ele é capaz.





"Posso todas as coisas naquele que me fortalece"