São sete horas da noite.
um silêncio tumular.
da brisa leve, ao açoite,
estou quase a cochilar.
Mas um grilo canta aqui,
canta outro grilo acolá,
a natureza sorri,
eu ouço e desperto cá.
Mas se agora um grilo canta,
e me tira a sonolência,
me escapa pela garganta,
um verso da inteligência:
– Canta grilo seresteiro!
– Quebra esse silencio santo!
Ajeitei meu travesseiro,
e fui dormir ao seu canto.
Dormi com o privilégio
de uma santa melodia,
do grilo o seu canto régio,
que vai ser o meu BOM DIA.
SAUDADE
Você me fez um enorme bem e um mal,
Pôs-me na boca e n’alma o mel do favo,
Logo depois se foi e de forma tal,
Que me deixou do fel o azedo e o travo.
Às pétalas de rosas tal e qual
Fora-me o seu carinho, e o seu agravo
Aos espinhos lacerantes tão igual,
Que as feridas com lágrimas eu lavo.
Sequem-se-me estas lágrimas dos olhos,
Do fel o gosto amargo já nem sinto,
Sararam-se as feridas dos abrolhos.
Deixe-me o mel que ainda sinto o doce
Bem guardado, aqui dentro, no recinto
Desta saudade que você me trouxe.
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