quarta-feira, 28 de setembro de 2011

BOM DIA! - 28/09/2011

O MUNDO BOM



No mundo tem muita coisa boa, eu gosto de muitas. Tem nada melhor, por exemplo, que um bate-papo com pessoas inteligentes? Eu, de minha parte, dispenso qualquer outro programa para ficar ali ouvindo, observando, analisando e rindo, pois é sempre muito divertido, porque tudo mais ou menos improvisado: lembranças, casos, causos, frases, blagues, tudo sempre com a pitada divina da inteligência, sim, porque a inteligência é de Deus, que lhe aprouve dar um pouco ao homem (ao ser humano, para que a mulheres não se sintam ofendidas) e que ele às vezes, infelizmente, usa para o mal, mas vamos deixar isso para outro capítulo, vamos falar apenas das coisas boas, das coisas boas deste mundo. Um bom discurso! Tem gente que não gosta, já ouvi muita gente dizer isso, mas eu gosto muito de um bom discurso: inteligente, rico, num vernáculo bem esgrimido e sincero (esta é a parte mais rara): eu gosto de um bom sermão, estribado na Palavra, eu gosto de ouvir Deus usando o homem, ou a mulher, para dar o seu recado. Tem nada melhor do que um bom texto? Em prosa ou em verso? E a família, nada como uma família bem estruturada, dentro dos padrões de Deus, em que todos se curtem, se ajudam, se querem, “a célula mater da sociedade”; e um filho! Um filho bom, então, que coisa boa! O beijo da mulher amada, quando você volta do trabalho e ela lhe espera maravilhosa, sorridente e linda! As reuniões de família, a intimidade, as brincadeiras, e um cachorrinho latindo completando a fuzarca! Um abraço, como é bom um abraço afetuoso e amigo! Os netos! Ah! Os netos! Que coisa boa, os netos, dizem até que é melhor do que filho, não sei, digamos que seja igual, mas é muito bom, eu assino e dou fé.
Ah! Se eu fosse enumerar as coisas boas deste mundo! Não terminaria a minha crônica.
Isto porque estou falando da minha fase adulta, caminhando para a senilidade.
Imaginem se eu fosse falar das coisas boas da adolescência e da juventude!
Ah, como Deus é bom!

BOM DIA!

BOM DIA! – 25/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

Eu tenho muitas lembranças
De muitos anos atrás,
Do tempo das esperanças
Que já ficaram pra traz.

Do tempo das calças curtas,
Do bigodinho de rapaz,
E do perfume das murtas
Que não me esqueço jamais.

Daquele cheiro de cana
Vindo dos canaviais,
E do doce de banana
Na folha dos bananais.

Lembro-me das brincadeiras,
Do bate-bola na praça,
Jangadas de bananeiras
Descendo o rio que passa,

Que passa dentro de mim,
Diferente do que hoje é,
Aliás, não sei que fim
Vai ter meu Rio Subaé.

Matou-o sem dó, nem pena,
Uma fábrica assassina,
Virou lixo, deu gangrena
Meu Subaé – triste sina.

Quem sabe mãos milagrosas
Um dia limpem meu rio,
E nos devolvam piscosas
As águas que a gente viu.

Tenho lembranças gostosas,
Tenho-as também bem ruins,
Se vejo murchas as rosas
Que plantei nos meus jardins.

BOM DIA!

BOM DIA! – 22/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

Ontem jantei com meu neto,
Um neto muito querido,
Pois dono do meu afeto
Talvez nem fosse nascido.
Avô tem coisas assim:
As flores do seu jardim
As ama, sequer brotaram,
Nas mães ainda essas vidas
Sejam cravos, margaridas,
No seu coração floraram.

Ele fez dezessete anos,
É sadio, belo rapaz,
Na áurea fase dos enganos,
E de esperanças assaz.
Daniel é formidável,
Uma presença agradável,
Querido de todos nós
Dos pais, dos irmãos, dos primos,
Mas certamente convimos:
Corujas são seus avós.


VARÕES DOS MEUS REBENTOS

Raymundo de Salles Brasil


Guga me trouxe à boca um virginal sabor,
O gosto adocicado do primeiro neto,
Ele me fez quase explodir de tanto amor,
E sentir-me, de Deus, um filho predileto.

Pensei que já tivesse o coração completo,
Que não tivesse mais lugar para outro por.
Chegou Marcelo e abriu mais um lugar secreto.
Nunca falta lugar à pétala na flor.

E assim, meu coração, cada vez mais se abrindo,
Recebe Lucas e lhe diz: seja bem vindo,
Seja hoje você meu mais belo arrebol.

Logo nasceu Daniel, num florido setembro.
Não sei se era chuvoso o tempo, não me lembro.
Mas no meu coração, eu sei, fazia sol.

BOM DIA!

BOM DIA! – 21/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

Quando eu vejo na calçada,
Um ser humano estendido,
Assim como fosse um nada,
Na miséria, sucumbido,
Eu sinto uma dor estranha,
E esta dor é tão tamanha,
Que me faz até chorar;
Mas sem ter a faca e o queijo,
Frustrado fica o desejo,
De socorrer e ajudar.

Por isso hoje eu canto loas
Ao plano da Presidente,
Que uma dessas coisas boas
Colocou na sua mente:
Erradicar a miséria,
Como, talvez, a mais séria
De nossas questões de agora,
Pois é tristeza sem nome,
Ver gente passando fome
E rico jogando fora.


Árvore

Raymundo de Salles Brasil

Abrigas, sem vaidade, a tantos quantos,
Vindos de lutas, buscam refrigério;
Não cobras um real por serem tantos,
Não usas esse sórdido critério.

Ao que sorri feliz, ao triste, ao sério,
Dás, a todos, os mesmos acalantos...
És um delubro puro e sem mistério,
Templo das alegrias e dos prantos.

E ainda dás o fruto ao que tem fome,
Sem sequer perguntar nem mesmo o nome
Ao cansado e faminto repousante.

Oh! Árvore! tu és, não só um templo,
És, também, um belíssimo exemplo
De bondade - frondosa e verdejante!

BOM DIA!

BOM DIA! – 19/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

Eu devo versos rimar,
Nem que saiba um por dia,
Faz-me bem esse tear,
Que tece, fia e desfia.

É meu lazer predileto
Buscar um verso perfeito,
Navego quando poeto,
Poeto quando me deito.

Achá-lo nunca me aprouve,
Mas persegui-lo convém.
Desconfio que, nunca houve
Quem o achasse, também.

O verso pra ser perfeito
Ele tem que ser divino,
Um dia vou ter direito
De ouvir no céu esse hino.

Vou fazê-lo? – acho que não,
Vou ouvir – isso me basta –
Pois lá no céu estarão
Poetas de melhor casta.

UM PÁSSARO A CANTAR DENTRO DE UM OVO

Antonio Juraci Siqueira

Se o mundo quer calar-me, eu não hesito:
recorro à trova e crio um mundo novo
onde ponho o calor e a voz do povo,
um punhado de humor, um beijo e um grito.

Na trova eu me divirto e me comovo,
nela o meu sonho é muito mais bonito,
nela eu prendo as estrelas do infinito
e um pássaro a cantar dentro de um ovo.

Trova é roupa estendida na varanda,
relva molhada pela chuva branda,
rosa vermelha, moça na janela,

gotas de orvalho a tremular na flor...
Por isso não a queiram mal, pois ela
é a voz e o coração do trovador!

BOM DIA!

BOM DIA! – 16/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

O artesão do verso sofre,
Porque o que ele tem de bom
No seu coração, seu cofre,
Às vezes não sai no tom.

Com aquele som ideal,
Que ele um dia imaginou,
É quando surge um sinal
E ele vê que não gostou.

É a palavra, a cesura...
O verso que não cantou...
Determinada costura...
A rima que não calhou...

Mas às vezes sai perfeito,
Sem tirar e sem botar,
E vibra dentro do peito
Uma alegria sem par.

Estes versos de improviso
Que os faço como pretexto,
É bem provável, preciso
Jogá-los dentro do cesto.

O SINAL
José Ouverney

Absorto, incompreendido em seu dilema,
a questionar o próprio potencial,
ele costura nova estrofe ao tema,
lendo-a em voz alta, ríspido e formal;

carente de um melhor estratagema
que faça a inspiração dar-lhe um sinal,
navega horas a fio no poema,
à procura do enfoque original;

gosta, desgosta... Tira e põe remendo...
(Ah, esses poetas que eu jamais entendo!)
Lança outro olhar ao rasurado texto;

por fim, como a extirpar o próprio ser,
cético, arranca a página, a sofrer,
amassa a "obra-prima" e "zás"... no cesto!...

BOM DIA!

BOM DIA! – 14/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

O pecado veio ao mundo,
“Pra bagunçar o coreto”,
Se acaso não me confundo,
Veio emendar o soneto.

Um soneto lapidar
Feito com todo cuidado,
Tinha tudo pra brilhar,
Foi vilmente mutilado.

Tirou da terra o amor,
No coração pôs inveja;
E a mão que oferece flor
É a mesma mão que apedreja.

No entanto resta a esperança,
Que está na ressurreição:
Jesus – a nossa confiança.
Jesus – nossa redenção.


NÃO NEGUES NUNCA O PÃO

Gióia Júnior

Não negues nunca o pão ao que te bate á porta,
nem o trates jamais de maneira violenta.
Amar é o sumo bem e, se o pão alimenta,
o gesto vivifica e a palavra conforta.

Vê no desconhecido a velha folha morta
que, às tontas, voluteia agarrada à tormenta;
ama-o como a ti mesmo. O amor constrói, sustenta,
encoraja, encaminha, ensina, instrui e exorta.

Não o faças, porém, visando recompensa:
o interesse amesquinha e desvirtua a crença.
Ama pelo prazer que o próprio amor produz.

Ao que te pede o pão não o negues jamais,
nem queiras ver, depois, teu nome nos jornais;
faze-o, com humildade, em nome de Jesus!
Setembro de 1956

BOM DIA!

BOM DIA!– 11-09-2011

Raymundo de Salles Brasil

Que coisa boa, que bom,
Se ler um texto divino,
Que tem sabor de bom bom
Chupado por um menino.

Que coisa boa chegar
À inspiração de um poeta,
O seu íntimo singrar,
Ouvindo-lhe a voz secreta.

Que bom ouvir-lhe a cadência,
Na construção de um bom verso,
O jorro da inteligência
Alcançando o Universo.

É como ouvir de Chopin
Arcodes indescritíveis,
Eu sou, de Quintana, fã
Dos seus sonetos incríveis.



A RUA DOS CATAVENTOS – II

Mario Quintana

Dorme, ruazinha... E tudo escuro...
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos.

Dorme... Não há ladrões, eu te asseguro...
Nem guardas para acaso persegui-los...
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos...

O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão...
Dorme, ruazinha... Não há mais nada...

Só os meus passos... Mas tão leves são
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração...

BOM DIA!

BOM DIA! – 7/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

A plena felicidade
É difícil de se ter,
Pois desde a primeira idade
Já se começa a sofrer.

Se chora, quando criança,
E se chora adolescente,
A vantagem é que a esperança
Nessas fazes é presente.

Mas depois que os anos passam,
A esperança vai sumindo,
Nossos sonhos se adelgaçam,
E as dores vão percutindo.

Precisamos de Jesus
Pra reverter esta cena
Pois só Ele tem a luz
Da felicidade plena.


Não adianta só na cruz
O Jesus que nós amamos
Precisamos de Jesus
No lugar que nós estamos.

Velho Tema

Vicente de Carvalho
Santos, 5/04/ 1866; São Paulo,22 /04 /1924

Só a leve esperança em toda a vida
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos

BOM DIA!

BOM DIA – 6/09/2011

Raymundo de Salles Brasil

A vida é feita de cacos,
Juntá-los é nossa lida,
Como coberta de tacos
Nós vamos tecendo a vida.

De tacos bons e ruins,
Escolhê-los nos compete,
De tacos grandes, mirins,
Nós fazemos nosso escrete.

Se cairmos – acontece –
Não vamos ficar no chão,
O tombo nos fortalece
E o erro é uma lição.

Se pusermos nossas vidas,
Nas mãos de Deus, certamente
Elas vão ficar ungidas
Vão servir a muita gente.

Da queda daquele lenho,
Surge um lenho harmonioso,
Que o Salles com desempenho,
Pôs nas mãos de um virtuoso.


A LIÇÃO DO LENHO

Arthur de Salles


“Erguia-se, ditoso, o tronco peregrino,
Amava a passarada, o vale, a fonte, o vento!...
Um dia, geme e tomba ao machado violento!...
Alguém surge e faz dele emérito violino.

Ninguém lhe viu no bosque o trágico destino,
Hoje, porém, alheio ao próprio sofrimento,
Comove multidões... E segue, humilde e atento,
O artista que lhe tange o arcabouço divino.

Oh! Coração, se o mal te fere, pisa, corta
E te lança por terra a vida semimorta,
Lembra o lenho harmonioso – intérprete profundo!

Entrega-te a Jesus e Jesus há de usar-te
A transfundir-se a dor em luz, por toda a parte,
Enxugando contigo as lágrimas do mundo!...”

BOM DIA!

BOM DIA! – 4/09/2011


Amante que sou do verso,
E gamado num soneto,
Prefiro nesse universo
Não o branco, mas o preto.

O verso puro, rimado,
De rima rica – a rigor,
Que seja metrificado
Para que o saiba de cor.

Um verso que soe suave,
Marcando sempre a cadência,
Mas com mensagem na nave,
É claro, de preferência.

Para exemplo do que gosto,
É que dentre muitos, marco,
–Vocês vão gostar, aposto –
De Caio Cid – PAUDARCO.



PAUDARCO

Caio Cid
22.02.1904 – 21.08.1972

Paudarco gigantesco! Pelos traços
lembra um deus milenar, rude e iracundo,
que detivesse, de repente, os passos
e ali ficasse contemplando o mundo.

Preso pela raiz ao chão profundo,
a fronde a farfalhar pelos espaços,
bebe a seiva nutriz no solo imundo,
mas para o céu é que levanta os braços.

Prometeu vegetal brame se estorce
e, por mais que proteste e que se esforce,
não se libera da imobilidade.

Acorrentado ao pedestal da serra,
embalde é o sonho de fugir à terra,
o anseio de galgar a imensidade

BOM DIA!

BOM DIA! – 2/09/2011



Deparamo-nos, às vezes,
A remexer em papeis,
De poucos dias, de meses,
E do tempo dos mil réis.

Papeis velhos, carcomidos
Pelo tempo e pela traça,
Chego até ouvir gemidos
De cada papel que passa.

Aqui e ali um, de um ente
Querido que faleceu,
Mas que ainda está presente,
Em tudo quanto escreveu.

Num papel desses, meu tio,
(tinha o mesmo nome que eu)
Belo soneto imprimiu,
Num papel que a traça roeu.


Luz de Candeeiro

Raimundo N. de Salles Brasil

Buscando o ocaso em fúlgido crescente,
O luar, o brando luar desaparece
A noite em meio. O céu puro e silente,
Recamado de estrelas estremece

Leio. O meu pensamento se embevece,
Nessa leitura e nesse luar poente.
Ah ! Se das sombras tua imagem viesse
Na asa de um sonho incontentado e ardente !

E a noite avança plácida e tranqüila
Baixo o Candeeiro. A luz, de quando em quando,
Numa serena vibração cintila.

E à proporção que vem nascendo o dia,
Dentro do vidro a luz se apagando,
Num frêmito azulado de agonia.

BOM DIA!

BOM DIA! – 30/08/2011

Raymundo de Salles Brasil

O poeta nasce no ventre,
Não adianta querer ser,
É Deus que dá ordem: – entre
Nesse aí que vai nascer!

E matéria consumada,
É poeta toda vida,
Distribuindo alvorada,
Juntando a luz espargida.

Relutar contra esta sina
É também tarefa inglória,
Pois a vida nos ensina
Que ninguém muda essa história.

Heráclio Salles primava
No jornalismo do Rio,
Mas, quando jovem rimava,
E bem pouca gente viu.


TEU PRESENTE

Eráclio Salles

Pensei que a terra, por demais escura,
Manchasse o alvor de teus formosos braços.
E arrojei-me, quixótico, aos espaços,
Sorvendo aos tragos a amplidão da altura.

Penetrei mundos de celeste alvura,
Cansando o olhar, multiplicando os passos.
Venci desertos, esmaguei cansaços,
De um presente trazer-te, indo à procura.

Fiquei cego de ver tanta miragem,
Fitando estrelas, no ansiar profundo.
Nem só uma escolhi - tantos cuidados ! -

Nada te posso dar dessa viagem.
Mas sei, no entanto, que te trouxe um mundo
Na memória dos olhos apagados.

BOM DIA!

BOM DIA! – 29/08/2011

Raymundo de Salles Brasil


Eu vivo fazendo verso
Faço-os a torto e a direito,
Comigo mesmo converso,
Buscando um verso perfeito.

Encontrá-lo-ei? Jamais,
Esse verso não existe,
Mas o poeta corre atrás,
Não se cansa, não desiste.

Só há um jeito: sonhar,
E a todo poeta eu proponho:
Enquanto não alcançar
Viva agarrado ao seu sonho.

E por falar de quem sonha,
Lembrei, convencido assaz,
De uma verdade tamanha:
“Os sonhos não voltam mais.”



As Pombas

Raimundo Correia

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra ... Enfim dezenas
de pombas vão-se dos pombais, apenas
raia sangüínea e fresca a madrugada.

E à tarde, quando a rígida nortada
sopra, aos pombais, de novo, elas serenas,
ruflando as asas, sacudindo as penas,
voltam todas em bando e em revoada.

Assim, nos corações onde abotoam,
os sonhos um por um céleres voam,
como voam as pombas dos pombais.

No azul da adolescência as asas soltam,
fogem... Mas aos pombais as pombas voltam
e eles aos corações não voltam mais.

BOM DIA!

BOM DIA! – 26/08/2011

Raymundo de Salles Brasil

Eu ainda vou compor
Um verso como desejo,
Que tenha o mesmo sabor,
O mesmo sabor do beijo.

Tenho sentido, é bem certo,
Prazer nos versos que faço,
Mas eles nem chegam perto
Do beijo – nem mesmo um traço.

Nada, nada se compara
Ao puro doce de um beijo,
Será sempre a jóia rara
Entre as jóias do desejo.

Só Bilac pôde achar,
Na dor extrema do luto,
Um soneto lapidar,
Para um beijo de um minuto.



Um Beijo

Olavo Bilac

Foste o beijo melhor da minha vida,
Ou talvez o pior...Glória e tormento,
Contigo à luz subi do firmamento,
Contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
E do teu gosto amargo me alimento,
E rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema-unção, naquele instante
Por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto,
Beijo divino! e anseio, delirante,
Na perpétua saudade de um minuto...

BOM DIA!

BOM DIA! – 25/08/2011

Raymundo de Salles Brasil

Se para falar da vida,
A voz de minh’alma ecoa,
É porque ela não duvida,
Que Deus a fez muito boa.

Mas se também fica triste,
Ante as coisas que ela vê,
Ante a maldade que existe,
No homem ela pouco crê.

Jesus do alto da glória,
Mandado, lá do infinito,
Veio mudar nossa história,
E nos salvar com seu grito.

E Mario Barreto França,
Nesses seus versos de escol,
Mostra em Jesus – a esperança,
O nosso Nascer do Sol.

Sobre as Ondas
Mario Barreto França

Era noite. O alto mar se enfurecia...
Para o barco veloz que à morte avança,
Não restava uma simples esperança
De incólume rever a luz do dia...

Entre as brumas, porém, da noite fria
Aparece uma sombra, calma e mansa...
Era um fantasma? – Não! – era a bonança
Que em Jesus, como bênção, se anuncia.

Inda hoje o mar do mundo se encapela;
E, no barco da vida, já sem vela,
Não nos resta sequer uma ilusão...

Mas – Senhor! – sobre as ondas revoltadas,
Volta a trazer às almas torturadas
O consolo da tua salvação!

BOM DIA!

BOM DIA! – 23/08/2011

Raymundo de Salles Brasil

Fiz uma pequena pausa,
E voltei a dar BOM DIA,
Sempre pela nobre causa:
Divulgar a poesia.

Esse nosso mundo agre,
Precisa de paz e amor,
De quem opere o milagre
De mudar a arma em flor.

O poeta canta um hino
Quando este mundo é falaz,
Talvez seja o seu destino
Espalhar amor e paz.

Nestor da Costa Oliveira,
Poeta de puras linhas,
Vai retirar da algibeira
O seu poema “ANDORINHAS”.

ANDORINHAS

Nestor Oliveira

Olhando os seixos que a corrente leva,
Que felizes que sois, assim juntinhas,
Em trêfegos casais, ó andorinhas,
Esquecidas que vem a noite, a treva...

Em vos vendo à moldura da paisagem,
Penso tanto nas almas que, sozinhas,
Fazem da vida a trágica romagem
Sem uma alma ao seu lado, ó andorinhas...

Curvai da posteação a rede, as linhas,
Que esse dom de juntar asa com asa
É o mais alto dos bens! Oh! Como abrasa
O enlevo em que viveis, ó andorinhas!

Imerso à sombra o sol, que já não arde,
Eu penso em nosso amor... certo advinhas,
Porque me aflijo nesse fim de tarde,
E porque tanto invejo as andorinhas...

BOM DIA!

BOM DIA! - 21/08/2011

Depois de trégua pequena,
eis-me aqui, só pra lembrar
esta manhã que serena,
pondo um BOM DIA no ar.

Vou mandar de vez em quando,
numa simples cortesia,
se o verso chegar-me inflando
as asas da fantasia.

Lembrei-me hoje de Arthur,
sim, do velho Arthur de Salles,
que cantou com seu glamour,
o mar, colinas e vales.

Ocaso no Mar

Arthur de Salles
O céu a valva azul de uma concha semelha
De que outra valva é o mar ouriçado de escamas.
No ponto de junção, o sol - molusco em chamas -
Do bisso espalha no ar a incendida centelha.

Listões de intenso anil, raias de cor vermelha,
Grandes manchas de opala, arabescos e lhamas,
Da luz todos os tons, da cor todas as gamas
Vibram na valva azul que a valva verde espelha.

Mas todo este fulgor esmaece e se apaga.
Tímido, o olhar do sol bóia de vaga em vaga,
Porque uma sombra investe a sua concha enorme.

É a noite: como um polvo, insidiosa, se eleva.
Desenrola os seus mil tentáculos de treva:
E o sol, vendo-a crescer, fecha as valvas e dorme.

BOM DIA!

BOM DIA! – 19/05/2011

Pus um disco na vitrola,
E me pus a ouvir um som,
Naveguei nessa marola
De Acker Bilk, sopro bom.

A inspiração foi chegando,
Parece vinda do além,
Eu comecei digitando,
Até com certo desdém.

Quando menos esperava
Cavalgando a melodia,
Sorridente me saudava
A estrofe do meu BOM DIA.


A SÓS COM DEUS

Eu gosto muito de falar com Deus,
De conversar com Deus, de ouvir-lhe a voz;
De vê-lo entrando aos aposentos meus
Para falar-me a sós.

Ali retiro as máscaras e os véus,
Assim como falou Moisés, e Amós,
Sem a falácia vã dos Fariseus
Unicamente nós.

Aos seus pés me quebranto e chego ao barro,
E peço-lhe me faça um novo jarro:
Refaze-me Senhor!

Esvazia-me de mim, os meus rancores,
Arranca-me de mim os meus temores,
E enche-me de amor!

23/03/05

BOM DIA!

BOM DIA! – 18/05/2011

Das mãos de Deus as carícias,
desejo gozá-las cá,
Mesmo certo que as delícias
Melhores me esperam lá.

Se Ele mesmo foi quem deu
O sol que nos alumia,
Foi pra que vocês, e eu,
Possamos ter um BOM DIA.


QUEM PLANTA COLHE

É mês de abril, o inverno já está perto,
Chuvas que eram de março estão chegando,
O céu agora está todo encoberto
Por nuvens carregadas se formando.

O campo que produz o pão, decerto
Há de florir feliz, há de, brotando,
Cobrir de trigo o chão antes deserto,
E de alegria a mão que está plantando.

Nunca te esquives de plantar, que o dia
Da irrigação pertence a Deus somente,
Plantar é teu dever, planta e confia,

As bênçãos são de Deus, tua – a batalha,
Deus fará germinar sempre a semente
Que cai das mãos do homem que trabalha.
25/04/09

BOM DIA!

BOM DIA 17/05/2011

O dia hoje está lindo,
o tempo fez-se poesia!
Assim, pois, apenas brindo,
e compartilho um BOM DIA.


...ACHO QUE DORME

Da minha lira as cordas já não soam.
Também pudera! A minha mocidade
Já vai longe de mim. Ouço que ecoam
Restos de voz, mas sem sonoridade.

Meus sonhos! Nem se fala! Todos voam
E vão florir com prodigalidade
Em outros corações – onde ressoam,
Deixando em mim apenas a saudade.

E que saudade! Aqui dentro do peito
(E até sem compreender mesmo direito)
Eu queira ou não sinto um vazio enorme.

Aquela brasa que queimava e ardia
Não gera mais prazer, nem fantasia;
Se não morreu ainda, acho que dorme.

BOM DIA!

BOM DIA! – 16/05/2011


Hoje estou ensimesmado,
pensando no que seria
sem Jesus ressuscitado...
Não haveria BOM DIA.


SOMENTE A VOZ DE DEUS

Na calada da noite eu caminhava,
E nada ouvia, simplesmente nada,
Um silêncio de túmulos reinava,
Reinava a paz em cada sombra, em cada

Pincelada de luz que a lua dava
Eu via a mão de Deus, iluminada,
Segurando o pincel – e eu me encantava!
Eu me senti com Deus naquela estrada.

Estava a lua iluminando tudo
Do espaço sideral, linda e prateada,
Realçando o silêncio, sobretudo.

Era uma noite de verão nos céus!
Vez em quando soprava uma lufada,
Trazendo ao meu ouvido a voz de Deus.
18/04/2009

BOM DIA!

BOM DIA! – 15/05/2011

Hoje é dia dezesseis
de maio, que é o mês das flores,
vamos decidir, de vez,
acabar nossos temores.

Sobre os ombros de Jesus,
vamos por nossa agonia,
e deixar que a sua luz,
ilumine o nosso dia.

Porque as nossas ansiedades,
Ele as suporta e avalia,
dEle descem claridades,
que vão nos dar um BOM DIA!

A SORTE, O LIVRE ARBÍTRIO E DEUS

Tangido pela sorte eu fui caminhando,
Tendo ao meu lado um Deus que me amparasse;
Embora eu me afastasse vez em quando,
E, vez em quando, ao chão me esboroasse,

Em pé de novo, a sorte disse: passe,
Mas vá pelo caminho sempre lembrando,
Como se ao seu ouvido alguém soprasse,
Que Deus deve assumir todo o comando.

Você sem Deus não representa nada,
Disse-me a sorte, quase cochichando,
Eu sou a sorte, e só lhe mostro a estrada,

Quem vai lhe segurar, nunca duvide,
É Deus, mas se você for se afastando,
Você vai se perder – você decide.
Salvador, 18/02/09

BOM DIA!

BOM DIA! – 14/05/2011

Acordei hoje querendo
Fazer versos e cantar,
Estava um pouco chovendo
Havia um clima no ar,
O sol estava nascendo
E eu comecei a pensar:

Vou contar o meu segredo,
Quebrar tabus e voar,
Fiz um sonho de brinquedo
E me pus a levitar
Navegando o vento ledo,
Não consegui mais parar.

Foi quando eu pude encontrar
A inspiração dos poetas,
Por aqui e no além-mar,
Minhas musas prediletas,
Burilar meu versejar,
E achar as rimas corretas.

Eu sou poeta pequeno,
Meu brilho não tem fulgor,
Por isso padeço, peno,
Mas quando vejo uma flor
Regada pelo sereno
Meu verso muda de cor.

Às vezes é nas estrelas
Que eu vou buscar meu talento,
Inspira-me tanto vê-las
Brilhando no firmamento!
Fico um tempo, a protegê-las
Com meus olhos, ao relento.

O sol também me traz luz
Quando o meu verso se cala,
Se a lua nova seduz,
Quando cheia, nem se fala,
Troco a palavra que pus,
Mudo o tom, troco de escala.

Um rio correndo no leito
Enche-me de melodia,
Faz suspirar o meu peito
A sua doce magia
E foi assim desse jeito
Que eu vim dar o meu BOM DIA!


A PEÇA QUE NOS FALTA

Eu não posso entender, não pude ainda,
Certamente jamais entenderei:
Um mundo rico, a natureza linda,
E o ser humano coroado rei!

Um rei cuja maldade não se finda,
Polui, destrói, corrompe, e mais direi:
Tira tudo da terra, mata e brinda.
Vai se matar, pelo que eu vejo e sei.

Só Deus pode mudar o que está posto.
Tem um plano factível, formidável,
Que há mais de dois mil anos foi proposto.

Mas só quem aceitá-lo fará jus
A essa transformação incomparável,
Colocando uma peça só – Jesus.



28/02/2008





"Posso todas as coisas naquele que me fortalece"