BOM DIA! – 16/09/2011
Raymundo de Salles Brasil
O artesão do verso sofre,
Porque o que ele tem de bom
No seu coração, seu cofre,
Às vezes não sai no tom.
Com aquele som ideal,
Que ele um dia imaginou,
É quando surge um sinal
E ele vê que não gostou.
É a palavra, a cesura...
O verso que não cantou...
Determinada costura...
A rima que não calhou...
Mas às vezes sai perfeito,
Sem tirar e sem botar,
E vibra dentro do peito
Uma alegria sem par.
Estes versos de improviso
Que os faço como pretexto,
É bem provável, preciso
Jogá-los dentro do cesto.
O SINAL
José Ouverney
Absorto, incompreendido em seu dilema,
a questionar o próprio potencial,
ele costura nova estrofe ao tema,
lendo-a em voz alta, ríspido e formal;
carente de um melhor estratagema
que faça a inspiração dar-lhe um sinal,
navega horas a fio no poema,
à procura do enfoque original;
gosta, desgosta... Tira e põe remendo...
(Ah, esses poetas que eu jamais entendo!)
Lança outro olhar ao rasurado texto;
por fim, como a extirpar o próprio ser,
cético, arranca a página, a sofrer,
amassa a "obra-prima" e "zás"... no cesto!...
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