BOM DIA! – 26/08/2011
Raymundo de Salles Brasil
Eu ainda vou compor
Um verso como desejo,
Que tenha o mesmo sabor,
O mesmo sabor do beijo.
Tenho sentido, é bem certo,
Prazer nos versos que faço,
Mas eles nem chegam perto
Do beijo – nem mesmo um traço.
Nada, nada se compara
Ao puro doce de um beijo,
Será sempre a jóia rara
Entre as jóias do desejo.
Só Bilac pôde achar,
Na dor extrema do luto,
Um soneto lapidar,
Para um beijo de um minuto.
Um Beijo
Olavo Bilac
Foste o beijo melhor da minha vida,
Ou talvez o pior...Glória e tormento,
Contigo à luz subi do firmamento,
Contigo fui pela infernal descida!
Morreste, e o meu desejo não te olvida:
Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
E do teu gosto amargo me alimento,
E rolo-te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema-unção, naquele instante
Por que, feliz, eu não morri contigo?
Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto,
Beijo divino! e anseio, delirante,
Na perpétua saudade de um minuto...
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