domingo, 27 de agosto de 2017

SONETOS DE UM OCTOGENÁRIO

SSONETOS DE UM OCTOGENÁRIO   Raymundo de Salles Brasil

       
AGOSTO, 31 - 2013

A passos largos vou rumando ao fim,
Estão a me esperar OITENTA ANOS,
Pois já não podem existir sem mim,
Que sou indispensável aos seus planos.

AGOSTO está chegando, e eu disse sim,
Aos aflitos oitenta – esses insanos,
Que não querem talvez ver-me ruim,
Mas querem me ver longe dos enganos.

– Calma, que agosto está se aproximando,
Quero sonhar enquanto vai chegando
Porque depois não é muito comum.

E de sonhar somente me alimento,
Esperem mais um pouco, um só momento,
Que já está muito perto o TRINTA E UM.


A IDEIA I                          

De quando em quando pisca em nossa mente,
Aquela ideia – pisca e não clareia,
Não abre como um sol, brilhantemente,
Nem suave e branda como a lua cheia.

Mas fica ali... e, renitentemente,
Nem apaga, nem brilha, bruxuleia,
Hesitante em se abrir, pisca somente,
Como o sangue a pulsar dentro da veia.

Mas só partindo a bolsa que a contém
Pode mostrar a luz que lhe convém
Aos contornos sutis de sua arte.

Contorce-se na mente – serpenteia!
E vai evoluindo – é luz que anseia!                              
E pisca e pulsa e força e tenta e parte.


A IDEIA II

A ideia, ela nos chega de repente,
Sem a gente esperar, sem perceber,
Alguém que joga fora uma semente,
E uma árvore planta, sem querer.

Ela germina independentemente,
Deus vai fertilizando o conceber,
E começa a gerar na nossa mente,
Um embrião de luz que vai crescer.

A ideia pode ser de qualidade,
Pode não ser também, vai depender,
Não mais da mente, mas do coração,

Pois é ele quem dita na verdade,
O que é que nossa ideia vai fazer,
Que caminho tomar, que direção.



A vida se assemelha a quê? – Cogito.
Muitas comparações já foram feitas,
Deus a fez com virtudes (e perfeitas!),
Portanto, incomparável, tenho dito.

Entretanto as mazelas e as maleitas,
Foi pondo, o homem, nela – pôs conflito,
Os frutos do pecado vil, maldito,
Mentirosas verdades, muitas treitas.

Mesmo assim não consigo compará-la,
Falta-me sempre essa imaginação,
Falta-me a verve, o dom, falta-me a fala.

Acho-a ainda incomparável, bela!
E esse lado da vida é minha opção.
Eu vou morrer, mas com saudade dela.

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"Posso todas as coisas naquele que me fortalece"