domingo, 27 de agosto de 2017

SONETOS DE OCTOGENÁRIO

SONETOS DE UM OCTOGENÁRIO   Raymundo de Salles Brasil


UMA PERGUNTA
                                                                                                          
No meu tempo de rapaz,
Determinados costumes,
Que hoje são muito normais,
Só se viam nos curtumes.

E fico pensando mais,
Buscando na mente lumes,
Coisas que hoje são legais
Já foram tidas estrumes.

Sentado nos meus oitenta,
Idade que só lamenta,
Eu fico me perguntando:

Tanta coisa que era boa
Está se jogando à toa...
O mundo está melhorando?
24/05/2013                                     


FALAR DE AMOR!

Falar de amor! Não já falaram tanto?
Não já disseram tudo sobre o amor?
Que é bom, que é doentio, que leva ao pranto,
Que ele até pode nos matar de dor?

Não já disseram que ele é puro, é santo,
Que tem o cheiro suave de uma flor,
Do amor maior, sublime, sacrossanto,
Do grande amor de Deus, nosso Senhor?

– Falaram sim, mas é preciso mais,
É preciso jogar essa semente
No coração de todos os mortais.

Porque sabemos, e sobejamente,
Que o amor, mesmo que doa, ele é capaz,
De encher de sonho o coração da gente.


O NOME DELE É IGOR

Em nossa casa mora um cachorrinho,
Não me pertence, eu sei, mas me quer bem.
No lugar onde estou sempre ele vem
Lamber-me os pés como a fazer carinho.

E para não me incomodar, porém,
Ali se deita bem devagarzinho,
Ele é peludo, é branco e tão mansinho...
A todo mundo, ter um cão, convém.

Ele não faz questão de quase nada,
Quer ser tratado apenas com amor,
De atenção, vez em quando, uma pitada.

Quando saio e não o levo, ele acha ruim,
Ele quer me seguir para aonde eu for,
Pois só se sente bem junto de mim.
30 07 2013


A MORTE DE UM SONHO

Morreu meu sonho, foi por água a baixo,
A lâmpada apagou dentro de mim,
Desceu na correnteza de um riacho,
Buscando um rio maior, o mar em fim.

Aquela luz que ardia como um facho,
O sonho-flor maior do meu jardim,
Despetalou-se, última flor do cacho,
E fez-se em dor, achou melhor assim.

Meu coração tem um tamanho enorme,
Vai acolher um outro bom que dorme,
Para voltar a me fazer feliz.

Eu não posso ficar é sem um sonho,
O sonho me alimenta, e nele eu ponho,
Tudo que faço, que farei, que fiz.

Porteira Verde, 6:00 – 02 08 2013


MEU VERSO TRISTE
                 
Eu comecei fazendo um verso triste,
Eu estava triste, muito, nesse dia;
O poeta, de cantar, nunca desiste,
Mesmo até cheio de melancolia.

Meu verso é como um bálsamo, que insiste,
Na esperança de ver minha agonia
Minorada da dor que, em suma, existe,
Para fazer mais verso e mais poesia.

Aliás, o verso gosta dos extremos,
Das emoções, quanto maior a temos,
Mais depurado fica e se decanta.

Se alegre estamos, salta de alegria,
Mas nunca tem a mesma melodia,
Do que não sai, e morre na garganta.

          .
EU QUERO SER FELIZ, MAS DE VERDADE

Eu tenho, sobre vidas, pesquisado,
Sem ser especialista na questão,
Apenas porque fico preocupado
Com o que faz feliz um coração.

Existe um leque enorme, preparado,
Fantástico banquete de ilusão,
Mas existe Jesus, ressuscitado,
Sempre disposto a conceder perdão.

Entre as coisas efêmeras do mundo,
Que podem sucumbir num só segundo,
E as promessas de Deus de eternidade,

Das promessas de Deus ninguém me tira,
Não quero ser feliz só de mentira,
Eu quero ser feliz, mas de verdade.

10/09/2013


MEUS QUINDINS
                           
Eu faço muitos versos, um bocado,
Dizem que quem faz muitos, fá-los ruins,
Mas o que eu vou fazer do tempo alado,
E que se encontra já, pelos confins?

Agrada-me, divirto-me. Fadado
A fazer versos eu nasci – sem fins.
E do rimado e do metrificado,
Eu gosto mais, são eles meus quindins.

Revelar os meus ais, os meus segredos...
Buscar a rima sã, contar nos dedos,
Ver o verso cantar nos meus ouvidos...

É coisa que não tem como explicar,
Comparo-o com um beijo singular,
Quando se ouvem gorjeios e gemidos.

13/09/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário






"Posso todas as coisas naquele que me fortalece"